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Sul de Angola sonha com chuva para pensar no futuro

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Assinala-se esta segunda-feira, 17 de Outubro, o dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, uma data assinalada desde 1992 pelas Nações Unidas. De acordo com dados divulgados hoje, quatro em cada dez angolanos vivem em pobreza extrema. A sociedade civil teme, no entanto, que o problema seja pior, sobretudo nas zonas rurais, onde mais de 87% dos habitantes vivem em situações de fragilidade.

Sandra Cahombo e a filha Maizinha André, vivem na aldeia de Dué, na província do Namibe, no sul de Angola.
Sandra Cahombo e a filha Maizinha André, vivem na aldeia de Dué, na província do Namibe, no sul de Angola. © RFI/Lígia Anjos
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A seca e a fome continuam a castigar o sul de Angola. A subida do preço dos alimentos está a dificultar ainda mais o acesso a alimentos. 

Sandra Cahombo vive na aldeia de Dué, na província do Namibe, no sul de Angola, numa aldeia onde vivem perto de 30 pessoas. Em Dué não há trabalho e a criação de gado começa a ser rara. "Os animais morrem por causa da seca", como nos conta Sandra, que em tempos teve 20 vacas e um touro. Em Dué não chove desde Fevereiro de 2022 e "as pessoas estão a passar mal". 

"No passado ainda chegava alguma ajuda alimentar, que chegava pelo soba, o líder comunitário, mas nos últimos tempos já não acontece", queixa-se.

Maizinha André é filha de Sandra Cahombo, tem 18 anos, contou-nos que "deixou de chover desde 2014 e agora já não chove. Deixei de estudar porque não me sinto bem".

Nos centros urbanos, a realidade é outra e não mais fácil. Nas ruas do Lubango, na província da Huíla, conhecemos Maria - vive há várias semanas na cidade do Lubango, a cerca de 17 quilómetros da Praça da República Caminho da Humpata - de onde fugi por causa da fome. Maria vive da mendicidade para poder alimentar o filho bebé e a irmã de 10 anos. "Mendigar cansas e é desesperante, mas não há alternativas", conta-nos Maria

Maria com o filho ao colo e a irmã, de 10 anos, no Lubango, capital da província de Huíla, no sul de Angola.
Maria com o filho ao colo e a irmã, de 10 anos, no Lubango, capital da província de Huíla, no sul de Angola. © RFI/Lígia Anjos

Numa rua paralela encontrámos Tchinaméipo também vive da solidariedade de quem possa ajudar. Deixou o marido e filhos e netos na aldeia de Jao. Desde Maio, vive com o coração apertado, longe da família, para tentar enviar alimentos para a família, que vive a cerca de 70 quilómetros da cidade do Lubango. 

Tchinaméipo vive da mendicidade no Lubango, capital da província de Huíla, no sul de Angola.
Tchinaméipo vive da mendicidade no Lubango, capital da província de Huíla, no sul de Angola. © RFI/Lígia Anjos

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