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Movimento da diáspora guineense condena apoio de Portugal a Umaro Sissoco Embaló

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O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, começa hoje uma visita oficial de dois dias a Portugal. Em protesto contra esta visita e o apoio dado por Portugal ao líder guineense, o movimento Firkidja di Púbis enviou uma carta aos responsáveis políticos portugueses onde denuncia o regime autoritário de Embaló e a cumplicidade de Portugal com este líder nos últimos anos.

Umaro Sissoco Embalo está em Lisboa em visita oficial até amanhã e encontrou-se esta manhã com Marcelo Rebelo de Sousa.
Umaro Sissoco Embalo está em Lisboa em visita oficial até amanhã e encontrou-se esta manhã com Marcelo Rebelo de Sousa. LUSA - ANTONIO PEDRO SANTOS
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A visita do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, inclui encontros com as principais figuras da República Portuguesa. Com este encontro em mente, o movimento de trabalhadores e estudantes guineenses na diáspora, o Firkidja di Púbis, enviou cartas ao Presidente da República de Portugal, ao presidente da Assembleia da República de Portugal e ao primeiro-ministro português acusando Embaló de ser um ditador e de Portugal “participar activamente na higienização” do Presidente da Guiné-Bissau.

"Nos últimos meses desencadéamos várias manifestações no Rossio e junto da Assembleia da República portuguesa, enviámos manifestos denunciando o apoio que o Estado português tem dado através do apoio do Presidente da República e primeiro-ministro português a Umaro Sissoco Embaló que como se sabe é um líder autoritário, ditador, que ao longo dos últimos três anos e meio liderou um regime que ordenou raptos, espancamentos e perseguições políticas a cidadãos guineenses que não se alinham com o seu regime", indicou o activista Sumaila Djaló que integra o Firkidja di Púbis.

Por enquanto, o movimento conseguiu os apoios de Catarina Martins, ex-líder do Bloco de Esquerda, e da CGTP, que denunciou a situação dos trabalhadores guineenses e o impedimento as manifestações, não tendo recebido até agora resposta das autoridades portuguesas.

Segundo este movimento, há "muitos interesses" nas relações bilaterais entre Portugal e a Guiné-Bissau, nomeadamente geopolíticos.

"Há muitos interesses com a Guiné-Bissau. O problema do nosso país é nacional, mas tem um viés geopolítico. Portugal é um antigo colonizador e também tem interesses geoestratégicos particularmente a partir da CPLP onde nos reunimos e onde os países africanos de língua oficial portuguesa constituem bases importantes para a sua presença no tabuleiro político internacional", explicou Sumaila Djaló.

Assim como interesses nos recursos naturais do país africano.

"Há interesses com os recursos naturais, alguns que já estão a ser explorados e outros em vias de serem explorados. Sabe-se que a Guiné-Bissau tem importantes reservas de petróleo que não foram exploradas, que é a base ainda da energia em todo o Mundo e Portugal pode estar interessado nesse recurso e noutros", sugeriu o activista.

Portugal não será o único país conivente com o líder da Guiné-Bissau, com o activista a mencionar que outros países como a França se aproveitam da fragilidade dos Estados africanos para fazer avançar os seus interesses no continente.

"Ao nível da política internacional, Estados africanos quanto mais frágeis forem, melhor para os interesses internacionais, para a sua captura, e líderes como o Umaro Sissoco Embaló, frágeis políticamente sem muitos argumentos para contrapor os interesses estrangeiros, ao contrário, que se alinha muito facilmente com estes interesses, são muito bemvindos por estes interesses", declarou.

Em resposta a estes protestos em Portugal e mesmo antes de sair de Bissau para Lisboa, o Umaro Sissoco Embaló acusou este movimento de ser constituído por “pessoas encomendadas e pagas” e de se tratarem de “quatro ou cinco falhados”. Sumaila Djaló refuta estas acusações.

"Umaro Sissoco Embaló quando não tem argumentos recorre à via da chacota, de insultos, de fazer pouco das pessoas, o que é incrível porque se trata de uma pessoa que exerce funções de Presidente da República. A opinião pública conhece-nos e sabe quem somos. Nós não estamos a exigir ao Umaro Sissoco Embaló que nos dê emprego, nem que nos dê qualquer tipo de benesses, nós conseguimos isso por nós, mas exigimos que ele paute o seu comportamento nos limites da lei e que ninguém coloque as conquistas democráticas dos guineenses em causa", indicou.

Para Sumaila Djaló e para todo este movimento de guineenses na diápora, o resultado das eleições legislativas em Junho na Guiné-Bissau onde o partido do Presidente, o MADEM G15, e o seus aliados foram derrotados, mostra que poderá também haver uma derrota nas urnas para Sissoco Embaló nas presidencias que se devem realizar já no próximo ano.

"Não há prioridade maior do que salvar a nossa democracia que esteve durante três anos e meio agredida por Sissoco Embaló e seus acólitos, partidos derrotados nas últimas eleições legislativas, numa demonstração clara de que o povo guineense pretende virar a página. Umaro Sissoco Embaló sabe que a derrota da sua família política significa um prenúncio para aquilo que lhe vai acontecer democraticamente nas eleições presidenciais que devem acontecer no próximo ano", concluiu.

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