Acesso ao principal conteúdo
Em directo da redacção

Guiné-Bissau presente no Fórum Mundial para a Paz

Publicado a:

Em Paris decorre até amanhã, 12 de Novembro, o Fórum Mundial para a Paz.  Esta quinta edição que é dedicada às crises multidimensionais – da pandemia ao aquecimento global, incluindo a guerra na Ucrânia e o problema dos refugiados, conta com a participação da Guiné-Bissau, o único país lusófono a participar na conferência internacional.

Presidente francês, Emmanuel Macron, e o homólogo da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, durante o Fórum Mundial para a Paz, em Paris, a 11 de Novembro de 2022.
Presidente francês, Emmanuel Macron, e o homólogo da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, durante o Fórum Mundial para a Paz, em Paris, a 11 de Novembro de 2022. REUTERS - POOL
Publicidade

O chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló; participou, ao lado do Presidente francês, Emmanuel Macron, no painel consagrado ao tema: "Universalismo em tempo de guerra". A ministra guineense dos Negócios Estrangeiros, Suzi Barbosa, refere que este convite é o reconhecimento da Guiné-Bissau como país mediador de conflitos internacionais.

RFI: A Guiné-Bissau é o único país lusófono a participar na quinta edição do Fórum Mundial para a Paz?

Suzi Barbosa: Sim, este ano a Guiné-Bissau é o único país lusófono que participa. Há outros países da CEDEAO que participam, nomeadamente, a Libéria, o Chade e Marrocos.

O Presidente guineense Umaro Sissoco Embaló participa, juntamente com o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, no painel consagrado ao tema "Universalismo em tempo de guerra". Neste contexto de guerra na Ucrânia, qual é a importância de se falar destas questões?

Eu penso que [este convite] surge pelo facto do Presidente Embaló se ter deslocado a Moscovo e a Kiev. Ele foi o primeiro chefe de Estado africano a interessar-se e a deslocar-se a Kiev para ver, pessoalmente, a situação real da guerra.

Também, enquanto presidente em exercício da Conferência de chefes de Estado da CEDEAO, Umaro Sissoco Embaló tem demonstrado um interesse muito grande em mediar situações de conflito, em tentar trazer a paz. Ele tem estado sempre a participar em várias situações de conflito, tanto a nível do continente africano, como também na Europa, demonstrando que todas as pessoas são válidas e que poderão servir para ajudar a trazer paz a estes países em conflito.

Na próxima semana, depois de participar no Fórum Mundial da Paz, em Paris, o Presidente Sissoco Embaló pretende deslocar-se à República Democrática do Congo e posteriormente ao Ruanda, para tentar ver como consegue ajudar na mediação do conflito existente entre esses países. Essa foi a razão pela qual o chefe de Estado francês entendeu convidá-lo a participar neste painel em que Emmanuel Macron também participa.

Neste Fórum serão igualmente abordadas a impunidade ambiental na América Latina, os sistemas de alerta que respondem às pandemias ou mesmo a inclusão das mulheres do Médio Oriente. Estes são temas urgentes para debater?

Sem dúvida, são temas que estão sempre presentes. A questão do género e as consequências que as guerras têm para as mulheres têm sido cada vez mais actuais, infelizmente, porque são sem duvida as mulheres e as crianças as principais vítimas destas condições de conflito no mundo. Nós estamos a passar por um momento não só de guerra, mas também numa altura em que temos a ameaça de insegurança alimentar. Trata-se se uma grande preocupação dos dirigentes e, sobretudo, no dia-a-dia que toca às mulheres. Daí a importância do papel que elas possam ter na redução do impacto desta insuficiência alimentar no seio da família e sociedade.

De salientar, ainda, as questões relacionadas com situações que levam a problemas internos em países da América do Sul. Esta manhã, inclusive, no painel de abertura tivemos a declaração do Presidente da Colômbia que foi extremamente impactante e importante. A forma como foi abordada a questão do narco-tráfico, da produção da droga e como mutas guerras são feitas aos países produtores [de droga], causando às vezes consequências superiores que o próprio consumo de droga tem.

Durante o Fórum Mundial para a Paz, o Presidente guineense vai participar em outros painéis?

Ele foi convidado especificamente para este painel. Ele esteve no painel de abertura esta manhã, mas a sua alocução será no painel consagrado ao tema "Universalismo em tempo de guerra", exactamente pelo universalismo do seu mandato. Porque durante muito tempo a Guiné-Bissau foi um país que a nível internacional nunca teve uma palavra e hoje é o contrário. [Umaro Sissoco Embaló] é um Presidente que é convidado para os fóruns internacionais, a sua opinião conta e sobretudo é visto como um perito nas questões de mediação de conflitos.

O Presidente tem recebido internamente algumas críticas, nomeadamente sobre a sua deslocação à Rússia. Enquanto ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, qual é a sua posição relativamente às críticas que têm sido feitas?   

A minha primeira reacção é que não se poder agradar a "gregos e a troianos". Haverá uma franja mínima que poderá ter essa ideia, mas a verdade é que todos os lados o Presidente da República tem tido imensos elogios pela coragem e pela sua boa vontade. Porque num momento de guerra, pouca gente arrisca a sua própria vida, a menos que pense que é importante a sua contribuição.

O que se deve destacar é que pela primeira vez a Guiné-Bissau, um país lusófono, está a ser chamado para um conflito desta dimensão, que nos atinge directa ou indirectamente. Se as pessoas se esqueceram do aumento dos preços devido a esta guerra entre a Rússia e a Ucrânia...A Rússia e a Ucrânia, juntos, são produtores de 30% do que são os cereais do mundo. Querendo ou não, esta situação vai acabar por afectar a Guiné-Bissau. Nós também somos consumidores. O ano de 2023 vai ser um ano de insegurança alimentar, sobretudo em África e claro que nos vai tocar. Não é um problema interno da Guiné-Bissau, mas indirectamente os guineenses vão sofrer as consequências.

Já estamos a sofrer com o aumento do custo de vida, com a subida do preço do arroz, com o aumento do preço dos combustíveis. Claro que qualquer governante responsável, como é o caso do Presidente Umaro Sissoco Embaló, tem de se interessar por esse tema e procurar uma solução.  

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Ver os demais episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.