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Artes

Chegar a maestrina é uma luta e um filme

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Em França, chegou às salas, esta quarta-feira, o filme “Divertimento” que conta a história verídica de uma adolescente que quer ser maestrina. Com apenas 17 anos, filha de imigrantes e oriunda de um bairro rotulado como problemático, Zahia Ziouani enfrenta uma série de obstáculos e preconceitos que tentam travar a sua ambição. Zahia não desiste e acaba por criar uma orquestra sinfónica que pretende ser de todos e para todos. 

Zahia Ziouani, maestrina da orquestra Divertimento, inspirou o filme "Divertimento" de Marie-Castille Mention-Schaar.
Zahia Ziouani, maestrina da orquestra Divertimento, inspirou o filme "Divertimento" de Marie-Castille Mention-Schaar. AFP - FRANK PERRY
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Antes de ser filme, esta é uma história que aconteceu, como nos conta a sua protagonista, na vida real, Zahia Ziouani: “É uma realidade que ainda existe, o facto de haver tão poucas maestrinas. Quando comecei sempre me disseram que não era possível, que não era algo para mim, que não era uma profissão para as mulheres. Claro que foi preciso muita perseverança, combatividade e toda uma conjuntura, com uma família com muito amor, pais que se concentraram muito na nossa educação e nos valores necessários para conquistar um percurso como este”, contou à RFI Zahia Ziouani.

Em todo o mundo, só haverá entre 4 a 6% de mulheres maestrinas numa orquestra sinfónica. Porém, se o filme mostra que é possível mudar as mentalidades, também levanta a questão se só mesmo excepções podem lá chegar e se, afinal, essa igualdade de género não é uma ilusão também na música… Zahia Ziouani admite que ainda hoje é uma luta.

Ainda que um filme conte esta história, a realidade continua difícil. Foi difícil criar a orquestra, foi difícil acompanhá-la durante tantos anos e hoje é uma orquestra que vai festejar 25 anos, temos imensos projectos, fazemos muitos concertos, estamos entre os melhores, mas há novamente dificuldades. Para eu ter a sorte de dirigir grandes obras, como os meus colegas homens, não é apenas ter de trabalhar a dobrar, é um trabalho 500 vezes mais puxado porque tenho de arranjar financiamento, concertos, é preciso convencer… Hoje continua difícil.

Zahia Ziouani acompanhou as filmagens e disse ter estado, com a sua irmã violoncelista, muito atenta para que fosse bem feito e que não fosse um filme cheio de preconceitos sobre a periferia, sobre as minorias”.

Eu consegui e na minha altura ainda tinha mais dificuldade em projectar-me porque não via jovens, não via mulheres, não via maestros oriundos de meios menos favorecidos. Hoje vemos a minha irmã no instrumento, eu a dirigir a orquestra, ou seja, há jovens que agora se podem identificar quando eu não tinha ninguém. Gosto de acreditar que não é uma ilusão e que vai abrir outros caminhos seja na música, seja noutros universos. É uma mensagem de esperança para dar azo aos jovens para sonharem. É fundamental ter sonhos.

A história de Zahia foi adaptada ao grande ecrã pela realizadora Marie-Castille Mention-Schaar: O filme mostra que tudo é possível, que nada é impossível na vida. Quando nos empenhamos, quando temos um sonho, quando estamos determinados, nunca se deve abandonar.

O actor franco-português Lionel Cecílio interpreta uma das figuras que abre portas à futura maestrina e também falou com a RFI sobre a importância e intemporalidade desta história que ecoa com os temas incontornáveis de hoje e de ontem. Oiça aqui.

09:33

Vida em França - Filme "Divertimento"

 

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