Morreu o símbolo do debate francês sobre eutanásia
O francês Vincent Lambert, paciente tetraplégico em estado vegetativo persistente desde um acidente de viação em 2008, morreu esta quinta-feira, dias depois de lhe terem sido desligadas as máquinas que o mantinham em vida. Termina, assim, uma longa batalha jurídica, mediática e política que teve como pano de fundo o debate sobre a legalização da eutanásia.
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Vincent Lambert tinha-se tornado no símbolo do debate sobre a eutanásia em França. O antigo enfermeiro, de 42 anos, encontrava-se em estado vegetativo persistente e com lesões cerebrais consideradas irreversíveis desde um acidente de viação em 2008.
Morreu esta quinta-feira, nove dias depois de o hospital onde estava internado ter iniciado o processo de interrupção do fornecimento de água e alimentos por via endovenosa, enquanto aumentava a sedação do paciente. Termina, assim, uma intensa luta nos tribunais entre os familiares do paciente.
A sua esposa, o seu sobrinho e cinco dos seus irmãos pediam que o deixassem morrer e afirmavam que Vincent Lambert lhes tinha dito que preferia morrer do que viver “como um vegetal”, ainda que ele nunca tenha escrito qualquer documento a formalizar essa intenção. Os seus pais, católicos conservadores, uma irmã e um meio-irmão opunham-se rigorosamente a deixá-lo morrer.
Em Abril de 2013, a esposa e os médicos que o acompanhavam decidiram desligar as máquinas do paciente que se encontrava já em estado vegetativo e sem sinais de melhoria, mas os pais discordaram. Desde então, a decisão ficou nas mãos dos tribunais. Este ano, no final de Junho, um tribunal acabou por ordenar que se desligassem as máquinas, contrariando a decisão de 20 de Maio de um outro tribunal que se alinhava com a decisão de 3 de Maio do Comité Internacional dos Direitos das Pessoas Deficientes.
“É um alívio que ele tenha partido porque, concretamente, ele sofreu até ao fim”, declarou aos jornalistas François Lambert, o sobrinho.
Os advogados dos pais, Jean Paillot et Jérôme Triomphe, emitiram um comunicado onde falam em "crime de Estado". "Vincent morreu e foi morto por razões de Estado e por um médico que renunciou ao seu Juramento de Hipócrates”. O Vaticano também reagiu e apontou a morte de Vincent Lambert como “derrota para a humanidade”.
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