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TURQUIA

Turquia: Início do julgamento da tentativa de golpe

O julgamento de 29 polícias acusados de terem participado no falhado Golpe de Estado de julho passado começou hoje debaixo de fortes medidas de segurança, num tribunal no interior de uma prisão nos arredores de Istambul.

Militares turcos garantem segurança do tribunal que julga desde hoje polícias acusados de tentativa de golpe de Estado
Militares turcos garantem segurança do tribunal que julga desde hoje polícias acusados de tentativa de golpe de Estado Reuters
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Este é o primeiro julgamento de pessoas acusadas de estarem diretamente implicadas no golpe de Estado. A maior parte dos polícias em questão é acusada de desobedecer a ordens, e sujeitam-se a penas de prisão perpétua se forem considerados culpados.

A poucos dias do fim de um ano negro para a Turquia, esta audição marca também o início de um processo que se anuncia longo.

O Golpe de Estado resultou na morte de 248 pessoas, entre civis e forças da autoridade, que defenderam a democracia contra os golpistas, acusados de pertencerem a uma rede orquestrada por Fetullah Gulen, um religioso islâmico exilado nos EUA há muito, outrora aliado do presidente Recep Tayiip Erdogan, mas que se tornou no inimigo público número 1 há 3 anos.

A Turquia já pediu a extradição de Gulen, e este será um dossier espinhoso que o novo presidente Donald Trump terá de resolver no próximo ano.

Os lideres da falhado golpe – quase todos militares, serão levados a julgamento no próximo ano na capital, Ancara, numa sala de audiências que será construída para o efeito, já que o número elevado de acusados não cabe nas existentes.

Depois do Golpe de Estado o Governo turco instaurou o estado de emergência – que ainda está em vigor, e levou a cabo uma enorme purga, tendo suspenso ou despedido centenas de milhares de pessoas por alegada militância na rede gulenista, enquanto detinha dezenas de milhares de pessoas presumivelmente implicadas nos acontecimentos de 15 de julho.

Esta purga – que ainda decorre, todas as semanas são detidas pessoas, sobretudo jornalistas e activistas políticos - fracturou e paralisou o país, causando o encerramento de múltiplas empresas, e limitações graves no funcionamento das instituições públicas.

Este julgamento inicia-se também num contexto em que as massas populares, instigadas por um enfático Erdogan, exigem vingança e pedem o restabelecimento da pena de morte, o que significaria o fim do processo de adesão da Turquia à UE, que está a atravessar um dos seus piores momentos.

Sob ataque dos jihadistas do Daesh, e dos separatistas curdos do PKK, que retomaram a luta armada no sudeste, e organizaram múltiplos atentados terroristas, envolvida na guerra na Síria, com mais de 3 milhões de refugiados, e com a sua democracia fragilizada pelo falhado Golpe de Estado e pelas medidas de excepção desde então adoptadas, a Turquia vive um annus horribilis.

Com a colaboração de José Pedro Tavares, RFI, em Ancara
 

02:27

Correspondência de Ancara

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