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CEDEAO

62ª Cimeira da CEDEAO: Mali, Burkina Faso e Guiné no centro das atenções

A 62ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) decorre este domingo, 4 de Novembro, em Abuja, na Nigéria. Golpes de Estado e luta contra o terrorismo marcam cimeira extraordinária.

Golpes de Estado e luta contra o terrorismo no cardápio da 62ª cimeira da CEDEAO.
Golpes de Estado e luta contra o terrorismo no cardápio da 62ª cimeira da CEDEAO. © Wikicommons
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Os mediadores da CEDEAO para Mali, Burkina Faso e Guiné, os três países suspensos na sequência de golpes de Estado, apresentam este domingo aos Presidentes relatórios das missões realizadas nos três países. “Devemos apoiar estes Estados suspensos das autoridades da CEDEAO, mas não somos a favor de que os militares continuem no poder”, afirmou um funcionário da Comissão da CEDEAO.

"A crise é muito mais profunda do que apenas uma transição entre sair de uma situação de golpe de Estado para voltar a uma situação de legalidade, que não funcionava correctamente e que conduziu ao golpe", acredita o analista político guineense, Idrissa Djalo.

O analista considera ser necessário que os países da região acabem com ciclos viciosos, com recurso constante a golpes de Estado. "Vivemos ciclos viciosos dos quais os países da sub-região têm de sair. Há verdadeiras questões que merecem ser colocadas; por que motivo recorrer a golpes de Estado? O que é que não funciona nos nossos Estados? Por que motivo as nossas instituições não funcionam?", questiona o analista. 

Idrissa Djalo descreve o desrespeito de sistemas em vários países "para não dizer na maioria dos Estados africanos. São países ditos democráticos, raptados por governantes que não respeitam nenhuma lei fundamental do país deles. A corrupção e as injustiças sociais empurram parte da população para a pobreza".

Na Guiné já está em vigor uma transição de 24 meses, mas resta saber quando vai começar, ou quando começou. No Burkina Faso, o capitão Ibrahim Traoré desperta curiosidade. Quanto ao Coronel Assimi Goïta do Mali, dois temas são abordados o da transição no Mali e o dos soldados marfinenses detidos em Bamako há mais de quatro meses. 

Segundo o analista guineense, Idrissa Djalo, a ideia de que as forças estrangeiras, como é o caso dos mercenários russos do grupo Wagner, que actuam no Mali, possam substituir o papel da sociedade é "um pensamento perigoso", acrescentando que "os problemas de Áfricas devem ser resolvidos por elementos não africanos. É uma vergonha para os africanos continuar a culpar elementos estrangeiros como causa das nossas falhas. Os terroristas que actuam no Mali, no Burkina Faso, na Nigéria, não dispõem de um armamento topo de gama".

O problema para o analista reside "na falta de vontade africana em dar respostas e na capacidade de defender os nossos países. Estes conflitos não vão ser ganho nem por forças estrangeiras, nem pelos países da sub-região. O patriotismo desapareceu e os países só podem ganhar esta guerra contra o terrorismo se fizerem desta guerra um desafio patriotico", concluiu.

O novo Presidente da Comissão, o gambiano Omar Alieu Touray, tomou posse este domingo na cimeira, antes de uma sessão à porta fechada. O Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, e o Presidente titular da CEDEAO, Umaro Sissoco Embalo, lideram a delegação de Chefes de Estado e de Governo. 

Este domingo foi inaugurada a nova sede da organização da África Ocidental. O projecto da nova sede da CEDEAO foi financiado pela China, custou 32 milhões de dólares, mas o valor final pode vir a custar o dobro. A construção vai ser feita com equipamentos 100% chineses e sem transferência de competências. Com este novo edifício, a CEDEAO pretende potenciar as políticas regionais a partir de um complexo imobiliário “com um design de classe mundial”, descreveu a Comissão da organização da África Ocidental.

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