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França

Morte aos 86 anos de Philippe Sollers, figura da literatura francesa

Faleceu ontem aos 86 anos o escritor francês Philippe Sollers, autor de mais de 80 romances, ensaios e monografias, director de revistas, e conhecido do grande público através da sua presença habitual em programas de televisão, com um discurso acutilante e provocador.

O escritor Philippe Sollers.
O escritor Philippe Sollers. © F. Mantovani Gallimard
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Nascido a 28 de Novembro de 1936 em Talence, no sudoeste do país, no seio de uma família de industriais, Philippe Joyaux (o seu verdadeiro nome) deixa rapidamente os estudos de lado para se dedicar totalmente à literatura e tornar-se Philippe Sollers, do latim "sollus" e "ars" ("arte inteira").

Aos 22 anos, publica o primeiro romance 'une curieuse solitude', um livro que chegou a ser elogiado por Aragon, um dos gigantes da literatura francesa do século XX.

Em 1961, o seu segundo romance, 'Le Parc', recebe o prestigioso prémio Medicis mas será apenas em 1983 que ganha uma notoriedade maior, com o livro 'Femmes', obra qualificada de "pornográfica" por certos críticos.

Para além da escrita de livros, Sollers ilustra-se também como impulsionador de revistas literárias. Em 1960, participa na criação da revista 'Tel Quel' cujo lema era dar a conhecer a vanguarda da literatura da época. Nesta publicação vão escrever autores como Nathalie Sarraute ou Alain Robbe-Grillet e grandes nomes das ciências sociais como Roland BarthesMichel Foucault ou Jacques Derrida.

Nos primórdios da década de 70, sob o impulso de Sollers, a revista entusiasma-se pela China maoista. Um posicionamento que lhe vai valer algumas críticas.

Depois da morte de Mao, em 1976, Sollers opera uma viragem política que vai materializar-se nomeadamente com a publicação de um artigo de opinião no ‘Le Monde’ em 1982 no qual critica não só o maoismo como o marxismo.

Apesar desta mudança de posicionamento, Sollers admitirá mais tarde, em 2019, num livro de entrevistas que na sua óptica "essa terrível revolução (cultural) fez com que a China se tornasse a primeira potência mundial".

Em 1982, ele funda uma nova revista,L'Infini e, mais tarde, torna-se director de colecção na prestigiosa editora Gallimard.

Considerado pelos seus detractores como sendo "fútil", "mundano", e "orgulhoso", ele não deixou de ser considerado como sendo um dos grandes nomes da literatura francesa contemporânea.

Hoje foram numerosas as homenagens do mundo da cultura e da política aqui em França. A Ministra francesa da Cultura, Rima Abdul Malak, saudou uma "personagem indomável" que "elevou a provocação ao grau de arte e abalou a nossa época". O escritor francês Marek Halter lamentou a perda de "um amigo, um cúmplice, um irmão" que "lhe fez gostar da literatura quando ainda era pintor".

Indício da importância que as belas-letras tinham na sua vida, à pergunta "se morresse amanhã, o que subsistiria de si?", ele respondia invariavelmente : "um caixote de livros".

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