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Moçambique

Protesto da Renamo em Maputo: "É o povo que está indignado com a situação eleitoral"

Centenas de pessoas desceram à rua nesta terça-feira em Maputo para participar na manifestação convocada pela Renamo, na oposição, em sinal de protesto contra os resultados das autárquicas de 11 de Outubro. Na sexta-feira, apesar de ordenar a repetição da votação em quatro municípios, o Conselho Constitucional proclamou a vitória da Frelimo numa larga maioria dessas localidades, nomeadamente a capital, o que a Renamo contesta.

A Renamo organizou uma marcha de protesto em Maputo contra os resultados das autárquicas de 11 de Outubro, neste dia 28 de Novembro de 2023.
A Renamo organizou uma marcha de protesto em Maputo contra os resultados das autárquicas de 11 de Outubro, neste dia 28 de Novembro de 2023. © LUSA - LUISA NHANTUMBO
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Respondendo a um apelo de Venâncio Mondlane, candidato da Renamo à câmara de Maputo, centenas de pessoas desfilaram nas ruas da capital nesta que foi a primeira marcha deste partido de oposição desde a proclamação dos resultados das autárquicas. "Chegou a altura de o povo provar que é o povo que está no poder" clamou Venâncio Mondlane, perante os seus apoiantes, ao apelar a uma "paralisação da economia" para contestar a "fraude" eleitoral e "devolver a vitória ao povo".

Durante esta manifestação, o candidato da Renamo em Maputo, indicou que o seu partido vai apresentar uma queixa-crime contra os dirigentes do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e da Comissão Nacional de Eleições (CNE), por alegada "falsificação e manipulação de resultados". Venâncio Mondlane informou ainda que a Renamo vai igualmente apresentar queixa contra os sete juízes do Conselho Constitucional que aprovaram de forma unânime os resultados eleitorais.

Inocêncio Manhique, militante da defesa dos Direitos Humanos que participou em anteriores manifestações e que inclusivamente perdeu um olho durante a repressão da marcha de homenagem ao rapper Azagaia, no passado mês de Março, esteve hoje na concentração organizada pela Renamo. Para ele, não se trata de uma questão de militância política.

"A nossa ideia é fazer pressão como sociedade porque nem todos que estamos cá fazemos parte da Renamo. É o povo que está indignado com a situação eleitoral, principalmente com a situação do nosso país. Fazemos de tudo para fazer pressão sobre quem de direito para que se possa resolver os ilícitos eleitorais", explica o activista."Nós ainda acreditamos na lei e é por isso que não saímos para a rebelião. Preferimos acreditar que ainda se pode revogar (os resultados) porque existem actas e editais que trazem a vitória do partido Renamo que foi eleito pelo povo", acrescenta.

Questionado sobre a intenção expressada pela Renamo de recorrer a entidades internacionais para fazer valer a sua posição, Inocêncio Manhique considera que isto pode incitar o mundo a "olhar para o nosso país e podermos talvez sentar-nos e decidirmos o destino da juventude moçambicana". O activista explica que as acções de protesto não se relacionam com reivindicações partidárias, mas sim, com o anseio por "uma mudança de governação".

Num contexto em que continuam vivas na memória colectiva recentes manifestações marcadas por incidentes, o activista refere que a concentração desta terça-feira foi pacífica."A polícia sempre faz de tudo para poder amedrontar face àquilo que é constitucional. Tenta trazer a coisa para que ela possa parecer ilegal. Somente estamos a manifestar por um direito nosso", ressalva contudo Inocêncio Manhique.

Recorde-se que o Conselho Constitucional, última instância de recurso em processos eleitorais, proclamou no final da semana passada a vitória do partido no poder em 56 municípios, incluindo Maputo, contra as anteriores 64 anunciadas pela Comissão Nacional de Eleições, com a Renamo a passar de nenhuma para quatro, e o MDM a manter o controlo da autarquia da Beira.

No acórdão emitido na sexta-feira pelo Conselho Constitucional, foi igualmente ordenada a repetição do acto eleitoral em quatro municípios. Neste sentido, o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) propôs que a repetição da votação nos referidos municípios seja organizada na data de 10 de Dezembro.

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