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Nações Unidas

António Guterres o primeiro português à frente da ONU

António Guterres é o novo secretário-geral da ONU. O português que sucede ao sul coerano Ban Ki-Moon assume funções dia 1 de Janeiro de 2017. A deliberação terá ainda de recolher maioria simples numa votação em Assembleia Geral, um escrutínio que deverá acontecer nos próximos dias.

António Guterres o primeiro português à frente da ONU
António Guterres o primeiro português à frente da ONU REUTERS/Denis Balibouse/File foto
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O órgão máximo das Nações Unidas aclamou o português como a escolha unânime para o cargo de secretário-geral. A deliberação terá ainda de recolher maioria simples numa votação em Assembleia Geral, um escrutínio que deverá acontecer nos próximos dias.

Mais convincente do que os seus rivais nas audições, que tiveram lugar em Abril, diante da Assembleia Geral da ONU, o antigo patrão da agência da Nações Unidas para os refugiados impôs-se como favorito na sucessão de Ban Ki-Moon ao vencer as seis rondas.

António Guterres prometeu na apresentação oficial da candidatura dinamizar a burocracia da ONU referindo que "há muitas muitas reuniões e poucas decisões".

A crise de Refugiados

António Guterres chega em 2005 a  Alto-Comissário dos refugiados e durante os seus dois mandatos (2005 a 2015) vai ser colocado à prova com a maior crise de refugiados que o mundo conheceu devido ao conflito sírio. Durante este período vai lançar constantes apelos de urgência à Comunidade Internacional pedindo mais solidariedade para os milhares de migrantes e para os requerentes de asilo.

O balanço do mandato de Guterres à frente do ACNUR fica ainda marcado pela reforma interna da organização que permitiu a redução de um terço do pessoal que se encontrava em Genebra e aumentando assim a capacidade de intervenção da urgência internacional.

Política portuguesa

Nascido em Lisboa a 30 de Abril de 1949 e engenheiro de formação, António Guterres começa o seu percurso político no seio dos movimentos católicos antes de se juntar ao Partido Socialista português, pelo qual milita no dia seguinte à revolução dos cravos em 1974 e que põe termo a 50 anos de ditadura.

Eleito deputado em 1976 na primeira legislatura, António Guterres é eleito em 1992 secretário-geral do Partido Socialista que na época estava na oposição. Sob a sua direcção os socialistas vencem as eleições legislativas e em Outubro de 1995 torna-se primeiro-ministro.

Portugal conhece um período de expansão acelerada de quase pleno emprego o que permite a António Guterres criar o "rendimento mínimo garantido". Europeu convicto fixa como objectivo prioritário a entrada do país na zona euro o que consegue com sucesso.

Em 1999 é reconduzido ao cargo e ficará conhecido na história como o primeiro chefe de um governo minoritário a concluir o mandato desde a instauração da democracia em Portugal. Os seus opositores acusam-no de ter contribuído para a vitória do "não" no referendo de 1998 sobre a despenalização do aborto.

Diplomata por excelência

Enquanto Timor Leste, antiga colónia portuguesa, era assolado pelos massacres das milícias pro-indonésia em 1999, após a vitória dos apoiantes da autodeterminação no referendo. António Guterres usa de toda a habilidade diplomática para convencer a comunidade internacional para a necessidade de uma intervenção das Nações Unidas.

No primeiro semestre de 2000, durante a presidência rotativa da União Europeia, António Guterres organiza a primeira cimeira UE-África e adopta a Agenda de Lisboa que preconiza o crescimento e o emprego. No entanto, em Portugal, a sua popularidade é baixa. A conjuntura económica deteriora-se e Guterres é incapaz de imprimir uma nova dinâmica ao segundo mandato.

No final de 2001, os socialistas perdem as eleições municipais e António Guterres apresenta demissão do cargo de primeiro-ministro. Guterres decide abandonar a vida política portuguesa para se dedicar à carreira diplomática no estrangeiro.

O seu nome ainda chega a ser falado como um dos potenciais candidatos a chefe de Estado em Portugal, no entanto António Guterres desmente a informação. No início deste ano o antigo patrão do ACNUR apresenta a candidatura oficial ao cargo de secretário-geral da ONU e após seis votações é aclamado vencedor.

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