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Turquia

Turquia: Haghia Sofia pode regressar ao estatuto de mesquita

Um tribunal turco decidiu, esta quinta-feira, que a imponente Haghia Sofia deixará de ser um museu, abrindo o caminho para a o edifício possa regressar ao estatuto de mesquita.

Hagia Sofia, em Istambul, pode regressar ao estatuto de mesquita
Hagia Sofia, em Istambul, pode regressar ao estatuto de mesquita AFP/File
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Catedral, mesquita, depois museu, e agora novamente mesquita. Um tribunal turco decidiu, hoje, que a imponente Haghia Sofia deixará de ser um museu, deixando o caminho aberto para o edifício, que domina o centro histórico de Istambul, passar a ser novamente um local de oração para os muçulmanos.

O tema aparece ciclicamente nos noticiários turcos, e é altamente simbólico. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e os seus acólitos, ameaçam frequentemente tornar o local – um dos mais visitados de Istambul, numa mesquita.

Muitos comentadores sugerem que o timing desta decisão não é inocente. Erdogan está a braços com uma crise económica gigantesca, agravada pela pandemia do Covid-19, e por uma crise de confiança do seu eleitorado tradicional, decepcionado por um clima interno cada vez mais decadente.

 

A importância de Haghia Sofia

Construído entre os anos 532 e 537, há mais de 1400 anos, foi, durante mais de um milénio, um dos maiores edifícios do mundo, e tinha certamente a maior abóbada do planeta.

Erigida pelos Bizantinos na sede do império romano do oriente, como centro da igreja ortodoxa grega, foi transformada em mesquita quando os turcos conquistaram Constantinopla em 1453.

Segundo reza a lenda, o sultão Mehmed II, o conquistador, dirigiu-se a Haghia Sofia logo após derrotar os bizantinos, e pediu ao seu imã para fazer uma récita muçulmana na imponente catedral, dando a machadada final no derrotado império bizantino, e tornando o edifício como um símbolo do novo império otomano.

A reforma de Ataturk

Já no século XX, o regime laico de Ataturk, o fundador da moderna república turca, transformou a mesquita num museu, de cariz cristão e islâmico. Era, em certa medida, um monumento ao ecumenismo, à tolerância e à convivência entre religiões.

“É um desejo comum derrubar as barreiras e abrir o edifício à oração”, rejubilou Abdulhamit Gül, o ministro da justiça. “Se Allah (deus) quiser, vamos ver a Haghia Sofia regressar à sua função e origem”.

Vários grupos já anunciaram que vão contestar a decisão judicial, mas o Conselho de Estado poderá agora decidir sobre o destino final do edifício. O Presidente turco poderá finalmente concretizar aquilo que já prometeu várias vezes.

 

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