Sentença assassínio ex primeiro-ministro libanês Rafik Hariri: 1 culpado 3 inocentes
O Tribunal Especial das Nações Unidas para o Libano, com sede nos arredores de Haia, na Holanda, decretou esta terça-feira culpado o réu Salim Ayyash, alegado membro do Hezbollah e absolveu os três outros suspeitos do assassínio em 2005 do antigo primeiro ministro Rafik Hariri.
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O julgamento à revelia durou 6 anos e o réu Salim Ayyash, suposto membro do movimento xiita Hezbollah, foi declarado culpado como co-autor do homicidio intencional do ex primeiro ministro libanês Rafik Hariri, assassinado pela explosao de um camiao bomba no centro de Beirute a 14 de Fevereiro de 2005, atentado que matou outras 21 pessoas e deixou 226 feridos.
Salim Ayyash de 56 anos de idade, pode ser condenado a prisão perpétua, mas os outros três suspeitos e também alegados membros do Hezbollah: Hassan Habib Merhi, Hussein Oneissi e Assad Sabra, foram declarados inocentes, por falta de provas da sua responsabilidade no assassínio.
Saad Hariri, filho de Rafik Hariri e também antigo primeiro-ministro assistiu à leitura da sentença que aceitou, mas afirmou que só estará em paz, quando o culpado for castigado.
O Tribunal Especial das Nações Unidas para o Líbano, não concluiu na implicação directa no assassínio de Rafik Hariri da direcção do movimento xiita Hezbollah, nem da Síria.
O kamikaze que conduzia o camião bomba, que explodiu com duas toneladas de explosivos no centro de Beirute, nesse fatídico dia 14 de Fevereiro de 2005, estacionou propositadamente, para esperar a coluna onde o ex primeiro ministro conduzindo a sua viatura blindada, se dirigia do parlamento à sua residência.
A explosão foi ouvida em toda a cidade de Beirute e provocou uma cratera de dez metros de diâmetro e dois de profundidade e muitos pensaram que se tratava de um terramoto.
Breve perfil de Rafik Hariri
Rafik Hariri, homem de negócios libanês, que fez fortuna na Arábia Saudita e era também portador dessa nacionalidade, dirigiu cinco governos no Líbano entre 1992 e 2004, designadamente entre 1992 e 1998 e depois entre 2000 e 2004 e o seu assassínio a 14 de Fevereiro de 2005 deu origem à Revolução do Cedro.
O assassinio de Rafik Hariri, que morreu com 60 anos de idade, que brigava um terceiro mandato como primeiro-ministro, é visto por muitos libaneses como o do presidente Kennedy para os americanos.
O bilionário sunita, que em 2004 se juntou à oposição, que se opunha à ocupação siria do Libano e exigia a retirada das tropas sírias do país e encarnava a era da reconstrução após a guerra civil - 1975/1990 - e apesar de não estar em posto desempenhava um papel politico importante no Libano.
Rafik Hariri tinha o apoio da França, sobretudo do seu "amigo íntimo" o ex presidente Jacques Chirac e dos Estados µUnidos, que em Setembro de 2004 votaram a resoluçao 1559 do Conselho de Segurança da ONU, que implicitamente pedia a retirada das forças sirias do Libano.
O assassinio de Rafik Hariri precipitou o curso da história e provocou uma onda de protestos interna e externa sem precedentes, que forçaram Damasco a retirar-se alguns meses depois, após quase 30 anos de ocupação.
Com esta retirada, o movimento xiita Hezbollah, principal suspeito no assassinio de Rafik Hariri, mas que sempre o negou, aproveitou para ganhar destaque no cenário politico, com o apoio do Irão.
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