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Turquia / Estados Unidos

Primeiras tensões entre o executivo turco e a nova administração americana

Ontem, o Presidente turco acusou Washington de ter tido uma reacção muito tímida depois de Ancara ter anunciado no Domingo a execução de 13 cidadãos turcos mantidos prisioneiros desde 2015 pelos curdos do PKK, uma organização separatista classificada pela Turquia como sendo “terrorista”.

Joe Biden, na época vice-presidente americano, junto do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, em Istambul, em Novembro de 2014
Joe Biden, na época vice-presidente americano, junto do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, em Istambul, em Novembro de 2014 © Bulent Kilic AFP/Arquivo
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Praticamente em vésperas de uma nova cimeira da NATO, prevista para esta quarta e quinta-feira, adensou-se um pouco mais o mal-estar entre a Turquia e os Estados Unidos, ambos membros da Aliança Atlântica mas com posições cada vez mais afastadas.

Ancara vê com maus olhos o apoio logístico dado por Washington aos curdos da Síria na luta contra o Estado Islâmico, um apoio que equipara a uma luz verde às pretensões autonomistas dos curdos, considerados os maiores inimigos da Turquia.

Já do lado de Washington, a recente aquisição por Ancara de mísseis russos, foi motivo para a aplicação a partir de meados de Dezembro de sanções americanas contra a Turquia.

Foi neste contexto já por si tenso que o Ministério turco da Defesa anunciou no passado fim-de-semana que o PKK tinha abatido 13 reféns turcos há alguns dias, durante uma operação militar turca na província de Dohuk, na região autónoma curda do norte do Iraque, cujo intuito era libertar os prisioneiros.

Reagindo a esta notícia, o Departamento de Estado americano disse "condenar" as mortes "se a informação" sobre o envolvimento do PKK nestas mortes "fosse confirmada".

Perante as dúvidas de Washington, a resposta de Ancara não se fez esperar. Nesta Segunda-feira, o embaixador americano na Turquia foi convocado pelo Ministério turco dos Negócios Estrangeiros que lhe deu conta do seu descontentamento "nos termos mais fortes". Apesar de o secretário de Estado americano Antony Blinken garantir, numa conversa telefónica com seu homologo turco, que Washington considera "os terroristas do PKK" "responsáveis" pela morte dos reféns turcos, a tensão não diminuiu.

O Presidente Erdogan acusou ontem os Estados Unidos de estarem do lado do PKK em vez de serem solidários com a Turquia, seu aliado no seio da Aliança Atlântica. “Se querem que estejamos do mesmo lado na NATO, têm de ser sinceros”, disse o chefe de Estado turco dirigindo-se aos americanos.

Segundo o governo turco, os referidos 13 cidadãos turcos, policias e membros dos serviços secretos turcos que eram mantidos reféns numa gruta no nordeste da região de Dohuk, foram mortalmente baleados pelos seus carcereiros do PKK, durante uma ofensiva militar turca cujo balanço foi de 48 mortos do lado curdo.

Esta versão dos acontecimentos é todavia desmentida pelo PKK segundo o qual os 13 "prisioneiros de guerra" turcos morreram debaixo dos bombardeamentos da força aérea turca na região. Imagens que representariam a destruição provocada pela ofensiva circulam nas redes sociais para contradizer as afirmações de Ancara.

Apesar de um pedido de inquérito formalizado pelo partido Deva na oposição sobre as circunstâncias da morte dos 13 reféns turcos, o executivo de Erdogan opta pela via da repressão. As forças da ordem turca procederam à detenção de 718 pessoas em 40 províncias do país, na sua maioria membros ou simpatizantes do Partido Democrático do Povo (partido de esquerda pró-curdo), segunda maior força de oposição no parlamento que o poder pretende ilegalizar por considerá-la uma “montra” do PKK.

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