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Turquia

Turquia ratifica Acordo de Paris para o Clima

A Turquia ratificou o Acordo de Paris para o Clima nas vésperas da nova cimeira mundial sobre alterações climáticas. A decisão é tardia, e vem no seguimento de um verão em que o país foi assolado por vários desastres naturais.

A Turquia ratificou o Acordo de Paris para o Clima nas vésperas da nova cimeira mundial sobre alterações climáticas.
A Turquia ratificou o Acordo de Paris para o Clima nas vésperas da nova cimeira mundial sobre alterações climáticas. via REUTERS - MURAT CETÄ°NMUHURDAR/PPO
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O anúncio já tinha sido feito pelo Presidente turco Recep Tayyip Erdogan, durante a assembleia-geral das Nações Unidas no fim de Setembro, mas ontem o parlamento turco aprovou, por unanimidade, a ratificação do Acordo de Paris para combater as alterações climáticas, assinado em Dezembro de 2015, a poucos dias do início da próxima convenção global para o clima, que começa a 31 Outubro em Glasgow, na Escócia.

A Turquia já tinha assinado o acordo de Paris há 5 anos, mas sempre se recusou a ratificá-lo, por desacordo quanto à classificação do país como “desenvolvido” nos anexos da convenção. Ancara queria ser classificada como um “país em desenvolvimento”, que lhe daria acessos a financiamento para reduzir as emissões de carbono, e teria objetivos de redução das emissões de carbono menos rigorosos.

A decisão vem no seguimento de um verão em que a Turquia foi afectada pelos maiores incêndios florestais dos últimos 40 anos, que flagelaram sobretudo a costa mediterrânica (200,000 hectares de floresta ardida, 5 vezes mais do que a média anual, 8 mortos), e por inundações devastadoras em algumas localidades costeiras do Mar Negro, que também causaram 82 vítimas mortais.

A decisão vem no seguimento de um verão em que a Turquia foi afectada pelos maiores incêndios florestais dos últimos 40 anos, que flagelaram sobretudo a costa mediterrânica (200,000 hectares de floresta ardida, 5 vezes mais do que a média anual, 8 mortos), e por inundações devastadoras em algumas localidades costeiras do Mar Negro, que também causaram 82 vítimas mortais.

Para além do mais, grande parte da Turquia está a sofrer um período de seca, o que, conjugado com um uso excessivo de água para a agricultura, já levou vários lagos a secar completamente, enquanto o mar da Marmara (entre os estreitos dos Dardanelos e do Bósforo) ficou parcialmente coberto por uma mucilagem espessa de algas e outros microrganismos. Isto tem levado a opinião pública a exigir finalmente alguma ação – especial entre as camadas jovens.

A Turquia é o último dos G20 (as vinte maiores economias mundiais) a ratificar o Acordo de Paris. O país ainda tem muitas centrais elétricas a carvão, e continua a subsidiar investimentos em combustíveis fósseis – cerca de 60% da sua energia ainda está baseada em carvão (34%) e petróleo e gás (25%).

Mesmo depois de explicar a sua decisão, Erdogan insistiu que os países que mais poluíram no passado – “aqueles que têm uma responsabilidade histórica em termos de alterações climáticas, deveriam fazer mais esforço”.

O regime turco é notoriamente pro-desenvolvimento, e os vastos programas de construção de infraestruturas, urbanização e exploração de recursos mineiros tem deixado um rasto de destruição ambiental considerável. Em geral as autoridades turcas desconfiam do ativismo ambiental, num país extremamente polarizado e politizado.

O Acordo de Paris para o Clima, decidido em 2015, ambiciona impedir que a temperatura global aumente mais do que 2C acima dos níveis pré-industriais. Actualmente o mundo já aqueceu 1.2C.

Ancara quer agora reduzir as suas emissões de carbono uns 21% até 2030, e comprometeu-se a atingir a neutralidade do carbono em 2053. A Turquia é o 16° país do mundo que mais gases emite, de acordo com o Global Carbon Atlas, cerca de 1% das emissões globais de gases de efeito de estufa, com uma emissão per capita abaixo da maior parte dos países ocidentais.

O ministro do Ambiente turco Murat Kurum prometeu estabelecer um conselho climático, para ajudar o governo a atingir os seus objetivos. Mas a tarefa vai ser difícil. A política energética turca dá primazia à independência e seguranças energética em vez de se focar nas alterações climáticas.

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