Brasil celebra 200 anos de independência a 7 de Setembro
O Brasil assinala nesta quarta-feira os 200 anos da sua independência. Portugal, a antiga metrópole, faz-se representar na sua ex-colónia desde hoje pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, e também pelo embaixador Francisco Ribeiro Telles, coordenador da programação destas comemorações.
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Portugal associa-se ao Brasil para comemorar os 200 anos da Independência do Brasil com uma intensa programação cultural em Lisboa, Porto e Coimbra, entre outras cidades.
A convite do Governo brasileiro, confirmaram presença em Brasília, a capital, os presidentes de Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique.
O embaixador português Francisco Ribeiro Telles, coordenador da programação do Bicentenário em parceria com o Itamaraty - Ministério brasileiro das Relações Exteriores -, disse ter ouvido as críticas manifestadas contra a instrumentalização dos eventos por Jair Bolsonaro, visto que estamos na campanha para as eleições gerais que vão decorrer a 2 de Outubro: “Eu costumo dizer que os governos são circunstanciais, obedecem a um determinado espaço de tempo, mas o que a história registará no futuro foi que o coração de D. Pedro I, que afinal proclamou a Independência do Brasil, teve uma participação simbólica nas comemorações”, argumentou Francisco Ribeiro Telles, em entrevista à RFI ao microfone de Adriana Moysés.
Discurso no Congresso
A 8 de Setembro, o Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa fará um discurso durante a cerimónia solene comemorativa do Bicentenário no plenário da Câmara dos Deputados: “Eu penso que será o único chefe de Estado estrangeiro a fazê-lo”, observa Francisco Ribeiro Telles.
Ouça a entrevista de Francisco Ribeiro Telles, antigo embaixador português.
Francisco Ribeiro Telles, coordenador da programação do Bicentenário 06-09-2022
“Eu penso que, do lado português, nós estamos de certa forma em paz com a nossa história colonial. Temos uma relação muito especial com o Brasil. Há uma intensidade nesse relacionamento”, assinala Ribeiro Telles, reforçando que: “os brasileiros que ainda tinham alguns estereótipos em relação a Portugal, que nos consideravam um país atrasado, descobriram um país que se desenvolveu”, afirmou.
No contexto do Bicentenário da Independência, Francisco Ribeiro Telles, que já foi embaixador em Brasília e secretário executivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), organiza com a Universidade do Minho, em Braga, a criação de um projecto de análise dos fluxos migratórios entre os dois países.
“Eu quero fazer, digamos assim, um estudo comparativo de como é que foi essa evolução ao longo dos 200 anos, quais foram os picos de imigração, como as pessoas foram acolhidas aqui e lá, quais eram as profissões dos portugueses que iam para o Brasil e de brasileiros que vinham para Portugal. Eu acho que toda essa história ainda está por fazer”, avalia o diplomata.
Futuro comum
200 anos após a Independência do Brasil, ocorrida a 7 de Setembro de 1822, os dois países traçam projectos em comum.
Na lista de projectos de particular interesse para Lisboa e Brasília, neste momento, está a implementação do Acordo Comercial entre o Mercosul e a União Europeia, concluído em Junho de 2019, mas bloqueado devido à política ambiental de Jair Bolsonaro na Amazónia.
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