Finlândia mais perto da adesão à NATO após validação da Turquia
Turquia – A cimeira da NATO prevista para Julho na Lituânia poderá ser o momento formal da adesão da Finlândia à organização militar. O parlamento turco ratificou na noite de 30 de Março esta adesão, após idêntica medida da Hungria no início da semana. O presidente turco deve ainda assinar a ratificação, antes desta ser enviada para os Estados Unidos, por Washigton ser o depositário legal da Organização militar do Atlântico Norte.
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Esta adesão implicará a duplicação da extensão da fronteira entre países membros da NATO e a Rússia já que a Finlândia tem uma fronteira com a Rússia de mais de 1 300 kms.
Por seu lado a Suécia continua a aguardar pela ratificação tanto da Turquia, como da Hungria, do seu pedido de adesão.
Enquanto isso o pedido finlandês fica, agora, aprovado pela totalidade dos 30 países membros da NATO.
A Rússia é hostil ao alargemento da NATO à sua área de influência, facto, aliás, utilizado por Moscovo, para justifica a sua invasão da vizinha Ucrânia, embora esta não seja membro da organização atlântica.
A adesão finlandesa à NATO será a primeira desde a da Macedónia do Norte em 2020.
O secretário-geral da NATO, Jens Soltenberg, garantiu nesta sexta-feira que a Finlândia poder-se-á juntar à NATO nos próximos dias.
No entanto, na óptica do analista português Pacheco Pereira este alargamento da NATO é consequência da invasão russa da Ucrânia pelo que Moscovo teria disparado um tiro no seu próprio pé.
"O facto de, quer a Suécia, em termos da sua intenção, quer a Finlândia, já do ponto de vista concreto, quererem ser parte da NATO mostra o efeito que a invasão da Ucrânia teve. Exactamente ao contrário daquilo que o [Vladimir] Putin ([presidente russo] previa. São dois países que têm uma tradição de neutralidade: a Suécia muito firme, a Finlânidia, em parte obrigada por causa dos acordos depois da II Guerra Mundial. Mas o facto de ambos se sentirem à vontade e de desejarem entrar para a NATO mostra que há a consciência de um risco de segurança muito considerável. E, de facto, isso reforça, significativamente, a NATO, não apenas em termos dos países que dela fazem parte. Mas também em termos da sua legitimidade em relação à opinião pública europeia. Portanto foi o tiro no pé, um dos tiros no pé mais graves que deu o Putin ! E isso significa uma alteração qualitativa das questões de segurança na Europa."
Este mesmo analista político português, relativiza as ameaças esta semana da Rússia relativamente à Finlândia e à Suécia que se tornariam "alvos legítimos" de Moscovo devido à sua adesão à aliança atlântica.
"Alvo legítimo no caso de um conflito generalizado sim ! Agora é preciso ter em conta que, do ponto de vista racional, as ameaças nucleares não têm sentido ! E que uma guerra nuclear não tem limites, uma vez começada, toda a gente vai disparar ! Portanto e isso os russos sabem ! Quer dizer a gente também não pode considerar que há uma completa falta de racionalidade do lado russo ! E não é apenas um homem que chega lá e carrega no botão. Portanto aqui o que se passa é que há uma parte de ameaças que não são para levar a sério porque se fossem significava uma destruição, em primeiro lugar, da Rússia ! Quer dizer a Rússia, a sua preocupação com a sua existência, deixaria de ter sentido e os generais russos e a elite política russa sabe ! Portanto agora, do ponto de vista convencional, do ponto de vista das ameaças, em termos de espionagem, em termos de ataques cibernéticos, em termos, inclusive, até de sabotagens, é evidente que estes dois países, particularmente a Finlândia, que sempre teve péssimas relações com a Rússia, vão ser um alvo, mas isso... eles sabem ! "
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