Myanmar: ataque aéreo da Junta Militar faz dezenas de mortos
A Junta Militar do Myanmar, no poder desde 01 de Fevereiro de 2021, levou a cabo, esta terça-feira, um ataque aéreo numa aldeia, na região de Sagaing, centro do país, que deixou dezenas de vítimas mortais. O balanço total de vítimas poderá chegar a uma centena.
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O ataque aconteceu no momento em que decorria nesta aldeia uma cerimónia de abertura de um escritório local, ligado à Força de Defesa Popular, uma mílicia anti-golpe considerada como "terrorista" pela Junta Militar no poder. Este grupo de opositores insurge-se, por diversas vezes, contra os militares, em vários pontos do país.
A Junta Militar já confirmou que levou a cabo o ataque, mas não deu conta do número total de vítimas, salientando que algumas das pessoas que perderam a vida eram opositores ao regime militar.
De acordo com um socorrista, ligado à Força de Defesa Popular e ouvido pela AFP, o número de vítimas mortais poderá ultrapassar as 100.
A região de Sagaing, local onde aconteceu o ataque, localiza-se perto da segunda maior cidade do país, Mandalay, que é um dos principais focos de resistência contra o poder e tem sido palco de acérrimos combates nos últimos meses.
Reações ao ataque multplicam-se
O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, já reagiu após este ataque e disse estar "horrorizado" devido a esta ação da Junta Militar, salientando que existiam crianças entre as vítimas.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também já condenou o ataque e reiterou "o seu apelo ao exército para acabar com a campanha de violência contra a população".
Por sua vez, um representante norte-americano também disse que os EUA estão "profundamente preocupados" com o ataque, que "sublinha ainda mais o desrespeito do regime pela vida humana".
França também já reagiu publicamente a este ataque. O ministério dos Negócios Estrangeiros focou "a estratégia de violência indiscriminada que a junta de Myanmar infligiu ao povo durante mais de dois anos", acrescentando que Paris "continua a estar resolutamente ao lado do povo de Myanmar".
De salientar que o ataque ocorreu pouco antes das celebrações do ano novo da antiga Birmânia, o Thingyan. A confirmar-se este trágico balanço de vítimas, trata-se de um dos ataques mais mortíferos, desde que a Junta Militar chegou ao poder, em Fevereiro de 2021.
A antiga Birmânia vive um violento conflito entre a Junta Militar e os seus opositores, desde o golpe de Estado de Fevereiro de 2021, que depôs Aung San Suu Kyi, ex-dirigente do país.
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