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Ucrânia

Ucrânia: enviado da Santa Sé termina hoje visita a Kiev e deve ir a Moscovo

O arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, cardeal D. Matteo Zuppi, encontra-se hoje em Kiev para se encontrar com as autoridades ucranianas. O enviado especial da Santa Sé deve finalizar a sua missão nesta terça-feira e pretende conversar com o presidente russo Vladimir Putin.

O cardeal D. Matteo Zuppi encontra-se em Kiev no dia de hoje para chefiar a missão especial da Santa Sé, com o intuito de se encontrar com as autoridades ucranianas.
O cardeal D. Matteo Zuppi encontra-se em Kiev no dia de hoje para chefiar a missão especial da Santa Sé, com o intuito de se encontrar com as autoridades ucranianas. © Vatican News
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Termina no dia de hoje a curta, mas importante, viagem do Cardeal D. Matteo Zuppi a Kiev, na Ucrânia. O arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana reafirmou o objectivo de sua missão e reiterou que o Papa Francisco está envolvido “até às lágrimas” no conflito na Ucrânia, que já dura há cerca de um ano e meio.

O principal objectivo do enviado pelo Papa Francisco “é de escutar com profundidade as autoridades ucranianas sobre os caminhos possíveis para alcançar uma paz justa e apoiar gestos humanitários que ajudem a aliviar as tensões”, segundo consta do comunicado oficial do Vaticano.

Para Aura Miguel, especialista em assuntos religiosos e vaticanista, esta visita do Cardeal Zuppi se insere numa longa tradição de diplomacia vaticana.

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Aura Miguel sobre a visita do Cardeal Zuppi à Ucrânia, 06/06/2023

"Na realidade estes esforços de negociação de paz são comuns na estratégia da Santa Sé. A Santa Sé enviou este Cardeal Zuppi, que é um homem conhecido por saber dialogar em situações de conflito.

Ele pertence à comunidade Sant’Egídio que deixou marcas nos processos de paz em África e também noutros sítios do mundo onde há convulsões, portanto é uma grande tradição. Ainda antes de ser Cardeal, Matteo Zuppi era um dos líderes do acordo de paz em Moçambique. Por isso no âmbito destes esforços do Papa para dialogar, enviou um homem conhecedor, desta sabedoria da aproximação e do diálogo.

Esta tarde encontrou-se com o Zelensky e segundo comunicado de Zelensky, o que Zelensky pediu foi que a Santa Sé alinhasse na estratégia de paz da Ucrânia, o que não é bem o que o Papa deseja. O que o Papa deseja é que Ucrânia e Rússia dialoguem em partes iguais.

Do lado Russo, o porta-voz do Kremlin disse que para já ainda não há nenhuma etapa nem nenhum encontro, porque corre a voz que o Cardeal Zuppi poderá dirigir-se a Moscovo. Mas creio que podemos olhar para estes esforços do Papa ao enviar o Cardeal Zuppi como um passo que se insere na longa tradição vaticana de olhar para os conflitos da maneira mais objectiva, não tão aquente, e onde o diálogo é a única solução para alcançar a paz.

Refira-se que Zelensky foi recebido pelo Papa Francisco no mês de Maio para apresentar o seu plano de paz. No entanto o mesmo declarou durante uma entrevista que Kiev não precisava de mediadores, mas de uma “paz justa” com base nos interesses ucranianos.

De acordo com a agência ANSA, principal agência de notícias italiana, Kiev espera que a Santa Sé ajude no processo de “retorno” das crianças ucranianas que, segundo afirma a Ucrânia, foram “levadas ilegalmente” para a Rússia.

Andrii Yurash, enviado especial de Kiev ao Vaticano saudou a iniciativa papal e afirmou que esta visita se trata de uma oportunidade para entender os meandros deste conflito para que assim seja possível encontrar as medidas mais apropriadas à luz de uma “paz justa”.

Depois desta missão especial na capital ucraniana, Matteo Zuppi deve também se deslocar à Federação Russa. Numa comunicação publicada pelas autoridades de Moscovo, o Kremlin afirma que está disposto a receber e ouvir o cardeal, mas que é necessário que uma data para a viagem seja previamente anunciada.

Reconhecido internacionalmente pela sua notória participação em missões de paz, o cardeal Matteo Zuppi integra a comunidade de Sant’Egidio, que participou activamente nos esforços de paz que desembocaram no Acordo para Moçambique de 1992. No seu amplo currículo também constam missões de mediação em Cuba, Guatemala e Burundi.

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