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Egipto

Guterres denuncia "escândalo moral" em deslocação à fronteira egípcia com Gaza

O secretário-geral da ONU, António Guterres, deslocou-se ao Egipto, na fronteira com a Faixa de Gaza, para chamar a atenção sobre o "sofrimento dos habitantes de Gaza", "prisioneiros de um pesadelo sem fim". 

António Gueterres, secretário-geral da ONU, em deslocação oficial ao Egipto, do outro lado da fronteira com a cidade palestiniana de Rafah, 23 de Março de 2024.
António Gueterres, secretário-geral da ONU, em deslocação oficial ao Egipto, do outro lado da fronteira com a cidade palestiniana de Rafah, 23 de Março de 2024. REUTERS - Mohamed Abd El Ghany
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"O mundo está farto deste pesadelo sem fim", declarou este sábado o chefe da ONU, António Guterres, na fronteira egípcia com a Faixa de Gaza, onde se deslocou  para "chamar a atenção sobre o sofrimento" dos palestinianos encurralados neste território, palco de combates e bombardeamentos há mais de cinco meses. 

Guterres lamentou "as casas destruídas, as famílias e as gerações inteiras desaparecidas, assim como a fome aguda que paira sobre a população", reiterando a necessidade urgente de entrada da ajuda humanitária, que tem sido dificultada ou recusada por Israel, provocando por vezes cenários de caos, como a 29 de Fevereiro quando morreram 112 pessoas, ou a 15 de Março, com a morte de 20 palestinianos vindos buscar produtos alimentares. 

"Nada justifica os ataques horríveis do Hamas", segundo o governante, que mataram cerca de 1 150 pessoas em Israel, bem como "nada justifica a punição colectiva que vivem os palestinianos desde então", tendo morrido já mais de 32 000 mortos, segundo o ministério da Saúde do Hamas. 

Passando pela longa fila de camiões de ajuda humanitária bloqueados do lado egípcio, o chefe da ONU denunciou, "muito do mais do que uma tragédia", "um escândalo moral". 

Para além de um novo acordo de cessar-fogo, Guterres apelou também Israel a um "forte compromisso" para facilitar a entrada da ajuda humanitária em Gaza, e à libertação dos reféns do Hamas. 

O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita Israël Katz qualificou a ONU de "organização antisemita e anti-israelita", este sábado, na rede social X, que "abriga e encoraja o terrorismo".  

Os combates e bombardeamentos prosseguem, nomeadamente dentro e à volta do hospital al-Chifa, onde o exército israelita lançou uma operação a 18 de Março, com dezenas de veículos blindados, baseando-se em informações que indicariam a presença de "terroristas de alto nível do Hamas".  

Em Rafah, este sábado 23 de Março, um bombardeamento israelita nocturno destruíu uma casa, matando uma habitante de 65 anos, Nadia Kawareh e os seus quatro netos, com idades entre os 3 a os 12 anos, segundo dados do ministério da saúde do Hamas, relatados pela agência France-Presse. Outros membros da mesma família estariam ainda debaixo dos escombros e ao todo, 67 pessoas terão morrido ao longo da noite, em vários ataques no enclave. 

Ainda este sábado, no norte do enclave, morreram nove pessoas numa fila de distribuição alimentária, alvejadas por tiros israelitas, segundo um comunicado do ministério da Saúde do Hamas e divulgado pela agência France-presse, que tentou recolher uma reacção das autoridades israelitas. Estas indicaram estar a proceder a verificações.  

Israel ameaça lançar ofensiva terrestre, mesmo sem apoio de Washington

Para além da situação humanitária dramática, as preocupações prendem-se com a eventualidade de uma operação terrestre em Rafah, onde se encontram 1,5 milhões de palestinianos. Esta questão esteve no centro das conversações em Tel Aviv, a 22 de Março, entre o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken e o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.

Este último disse ao responsável americano que Israel tenciona lançar a ofensiva, mesmo sem o apoio de Washington.  

Pouco depois, Antony Blinken afirmou que esta operação "ameaça mata ainda mais civis (...), isolar um pouco mais Israel a nível mundial e por em perigo o seu território nacional a longo prazo". 

Vetos na ONU

Entretanto, na ONU, um projecto de resolução sobre um cessar-fogo, apresentado pelos Estados-Unidos no Conselho de Segurança, foi chumbado devido aos vetos chinês e russo

Desde o início da guerra em Gaza, os Estados Unidos apresentaram o seu veto por três vezes, em resoluções sobre acordos de cessar-fogo. 

A China e a Rússia, na origem do bloqueio mais recente, denunciam uma formulação ambígua por parte de Washington, que não apelaria frontalmente ao cessar-fogo. 

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