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Ciência

Primeiro transplante de um olho inteiro representa uma “oportunidade de futuro”

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Uma equipa de cirurgiões norte-americanos anunciou ter realizado o primeiro transplante de um olho inteiro a um paciente que tinha perdido a visão na sequência de um acidente de trabalho. A operação decorreu em Maio, mas a equipa médica só agora deu a conhecer o resultado ao público, passados seis meses para a confirmar a "dinâmica positiva" do olho transplantado. 

Uma equipa de cirurgiões norte-americanos anunciou ter realizado o primeiro transplante de um olho inteiro a um paciente que tinha perdido a visão.
Uma equipa de cirurgiões norte-americanos anunciou ter realizado o primeiro transplante de um olho inteiro a um paciente que tinha perdido a visão. AFP - PATRICK MEINHARDT
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O militar de 46 anos, apesar do sucesso do transplante, não recuperou a visão nem consegue mover o olho. Mas esta é, sem dúvida, para os cientistas, uma oportunidade sem precedentes para entender o funcionamento do olho humano. Para já, o olho do paciente continua a dar sinais de excelente saúde, incluindo fluxo sanguíneo até à retina.

A operação durou cerca de 21 horas e foi realizada no final de Maio por uma equipa do hospital universitário NYU Langone Health, em Nova Iorque. Além do olho esquerdo e da sua órbita, os cirurgiões também transplantaram o nariz, os lábios e outros tecidos faciais.

A equipa médica em causa ficou surpreendida com os resultados obtidos até ao momento, diz tratar-se de uma "conquista notável" rumo a um objectivo mais alargado que é o de restaurar a visão.

A principal dificuldade de um transplante de olho é conseguir restabelecer a transmissão de informações para o cérebro através do nervo óptico, uma vez que este é cortado tanto no paciente quanto no doador.

Para Cristina Jorge, presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação, este anúncio representa uma “oportunidade de futuro”.

Existe uma quantidade enorme de gente no mundo com dificuldades de visão, com cegueira incurável neste momento e, portanto, isto é uma oportunidade no futuro.

Penso que, do ponto de vista técnico, foi uma cirurgia bastante inovadora. Foi a primeira. Foi uma longa cirurgia num doente que tinha uma necessidade de um transplante parcial da face e que, também, já não via daquele olho e, portanto, foi-lhe colocado o olho e a face do seu dador falecido.

Não havia certezas se o doente iria recuperar a visão e, realmente verifica-se que ele não recuperou visão. Portanto, esse é que vai ser um passo grande quando se conseguir obter esta possibilidade de recuperar a visão. Mas penso que ainda estamos a muitos anos que esse feito seja atingido.

Este transplante não significa a cura para a cegueira, mas a reacção deste paciente ao transplante do olho pode vir a abrir caminho nesse sentido. 

Cristina Jorge sublinha que este é um percurso que tem de ser trilhado, pois “só experimentando é que nós conseguimos verificar quais as verdadeiras limitações e os verdadeiros desafios que existem, que aparecem à medida que se experimenta e se confronta com estas necessidades.

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