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Reportagem

Fundação Mo Ibrahim debateu modelos de governação em África

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A Fundação Mo Ibrahim organizou no fim-de-semana em Nairobi um evento para discutir assuntos relacionados com África. Presentes estiveram dezenas de jovens africanos membros da Now Generation Network, uma rede de profissionais ativistas e interessados no desenvolvimento do continente. Este ano houve uma representação maior de países lusófonos.

O milionário anglo-sudanês "Mo" Ibrahim dirige uma fundação empenhada em melhorar a governação em África.
O milionário anglo-sudanês "Mo" Ibrahim dirige uma fundação empenhada em melhorar a governação em África. JUSTIN TALLIS / AFP
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Aleida Borges é uma académica cabo-verdiana que vive e trabalha no Reino Unido sobre temas ligados a África.

A sua pesquisa foca-se sobretudo em associações comunitárias, juventude e a questão da liderança da mulher. Esta académica da universidade King’s College London elogia a Fundação por financiar bolas de mestrado e doutoramento todos os anos para formar quadros africanos.

"Nós temos de ter pessoas capazes de participar nessas conversas, mas participar de uma perspetiva que é baseada em factos. A Fundação foca-se muito em pôr a juventude numa posição onde ela pode fazer isso”, explicou.

Aleida Borges refere que a organização criada pelo empresário e filantropo anglo-sudanês Mo Ibrahim, quando realiza este encontro anual e outros eventos, desafia os jovens africanos ao perguntar “Qual é o teu papel, o que vais fazer, qual é que é o dinamismo do queres trazer ?”. 

"Eu acho que o desafio é o que a juventude também precisa”, afirmou. 

Um estudo publicado pela Fundação indica que 50% dos jovens africanos com idades entre os 18 e os 24 anos ponderam emigrar se os respectivos governos não tomarem medidas para melhorar a qualidade de vida.

Em causa está o nível de educação e formação do continente muito abaixo da média mundial, e também a capacidade reduzida de investimento nestes setores, o que leva muitos jovens africanos a estudar e fazer carreira noutras geografias.

"É uma questão de oportunidades”, sintetiza a investigadora cabo-verdiana, que lamenta que, nos países lusófonos, "sair para o estrangeiro, ir para Portugal e para o Brasil, ainda é uma realidade”.

"Acho que o problema da liderança na lusofonia, mas também no resto do continente é pensar a juventude. Nós não estamos a pensar na juventude, e por isso, no final o que é que eles fazem? A única alternativa é ir-se embora”, afirmou.

Outra participante do encontro foi Francisca Noronha, presidente da Associação Moçambicana de Jovens pela Igualdade de Género e Educação (AMJIGE) e embaixadora da Carta Africana da Juventude da União Africana.

Infelizmente, a Now Generation e muitos espaços, inclusive a própria União Africana, não tem muita representatividade de países dos PALOP, portanto os países africanos falantes de língua portuguesa." 

Noronha considera ser importante participar porque "este é um espaço de advocacia de alto nível”, onde é possível encontrar pessoas que podem apoiar as organizações e fazer contactos, mas também "questionar diretamente e propor diretamente a estes organismos, inclusive a própria União Africana”.

A nível interno, a activista moçambicana defendeu que "nos países falados PALOPs, particularmente em Moçambique, é preciso construir a solidariedade entre gerações para os jovens serem escutados e poderem participar nos processos de decisão."

"Há uma geração de jovens que está a emergir, que está a exigir o seu espaço”, disse, mas "ainda há uma resistência em compreender que é necessário ceder o espaço”. 

O Ibrahim Governance Weekend foi dedicado este ano ao tema "África Global: O lugar de África no mundo de 2023”, e participaram políticos e dirigentes de instituições públicas e organizações não governamentais. O próximo destes eventos terá lugar em 2024 noutro país africano ainda por confirmar. 

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