São Tomé: menor morto em protestos contra a IURD
Um menor de 13 anos foi morto a tiro ontem em Sao Tomé, quando participava num protesto junto da sede da Igreja Universal do Reino de Deus para exigir o repatriamento de um pastor são-tomense dissidente detido na Costa do Marfim.
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São Tomé viveu nesta quarta-feira (16/10) momentos de sobressaltos invulgares e vandalizações, com protestos de centenas populares e a morte de um jovem menor de 13 anos.
Tudo devido à detenção há mais de dois meses na Costa do Marfim, do cidadão são-tomense Uidimilo Veloso, pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, condenado a um ano de prisão, por denúncias de alegada difamação e calúnias contra a IURD, através de um perfil falso na rede social Facebook.
A denúncia da sua detenção e o pedido de repatriamento do pastor, que há mais de 10 anos exerce na Costa do Marfim, foram feitos no final de Setembro ao governo são-tomense pela sua esposa Ana Paula Veloso, que está grávida e a quem a IURD pagou a viagem de regresso a São Tomé.
Maximino Carlos, correspondente em São Tomé
Dos tumultos na capital São Tomé, resultaram a morte de um jovem - alegadamente por uma bala perdida, mas só a auttópsia o poderá confirmar - o que intensificou a ira dos cerca de 400 manifestantes que vandalizaram, saquearam e destruiram várias viaturas, a sede da IURD na capital, bem como património e locais de culto da IURD nas localidades de Boa Morte, Bobo Forro, Trindade, Água Bobô e Praia Melão.
A polícia que não tinha sido avisada da concentração frente à sede da IURD, viu-se ultrapassada pela violência dos protestos e lançou gás lacrimogéneo, gás pimenta e granadas intimidativas de luz e som, para tentar dispersar os manifestantes, mas teve que recuar, até ser reforçada por uma equipa da Polícia Militar.
Após ter entrado em linha de colisão com a Igreja Universal do Reino de Deus - IURD - um caso que levou inclusivamente o parlamento são-tomense a ameaçar banir do país essa organização evangélica.
A manifestação coincidiu com o fim do prazo de oito dias fixado pelo parlamento são-tomense a 9 de Outubro, para que o bispo brasileiro Rangel da Silva, entidade máxima da IURD em São Tomé, que se encontrra em paradeiro incerto, conseguisse o regresso do pastor a SãoTomé, o que não ocorreu.
São Tomé e Príncipe não tem missão diplomática na Costa do Marfim mas accionou o dispositivo de "protecção consular" e o governo criou uma Comissão de Inquérito Parlamentar para averiguar este caso.
O primeiro-ministro Jorge Bom Jesus condenou ainda na noite de quarta-feira (16/10) os actos de violência e vandalismo, lamentou a morte do jovem e anunciou a abertura de um inquérito imediato, para averiguar responsabilidades, tendo ainda apelado à calma.
Jorge Bom Jesus anunciou ainda o envio a Abidjan este sábado (19/10) de uma delgação multisectorial para tentar resolver o problema do pastor Uidimilo Veloso, cuja advogada de defesa Celisa Deus Lima admite que "esta deslocação só faz sentido se se conseguir uma libertação imediata do pastor"
O bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, Marco Marinho, que é deputado federal brasileiro, que veio expressamente do Brasil para tentar desbloquear este caso, avistou-se esta quarta-feira com o presidente do parlamento Delfim Neves, a quem garantiu que todos os expedientes estão a ser efectuados para a libertação do pastor, garantindo que Uidimilo Veloso está vivo.
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