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Burkina Faso

ONGs denunciam a execução extrajudicial de mais de 40 pessoas no Burkina Faso

Duas organizações de defesa dos Direitos Humanos denunciaram neste domingo "execuções sumárias e extrajudiciais" de "mais de 40 pessoas" alegadamente perpetradas pelas Forças de Defesa e Segurança do Burkina Faso no início deste mês em Tougouri, no norte do país. Acusações desmentidas pelo governo que todavia informou que o exército encetou "uma investigação para averiguar a veracidade dessas alegações".

Oficiais do exército do Burkina Faso patrulhando perto de um veículo blindado francês estacionado em Kaya, capital da região centro-norte de Burkina Faso, no dia 20 de Novembro de 2021 (Imagem de ilustração)
Oficiais do exército do Burkina Faso patrulhando perto de um veículo blindado francês estacionado em Kaya, capital da região centro-norte de Burkina Faso, no dia 20 de Novembro de 2021 (Imagem de ilustração) AFP - OLYMPIA DE MAISMONT
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Em comunicado divulgado ontem, o Colectivo contra a Impunidade e a Estigmatização das Comunidades (CISC) disse ter sido informada desde o dia 8 de Agosto por “várias testemunhas e familiares de vítimas da localidade de Tougouri, mais precisamente da aldeia de Taffogo na região Centro-Norte, de vários casos de raptos seguidos de execuções sumárias e extrajudiciais".

Segundo afirma esta organização, "um total de mais de 40 corpos foram encontrados posteriormente ao longo da estrada Taffogo - Bouroum", sendo que "as pessoas mortas estavam com as mãos amarradas e com os olhos vendados".

O CISC refere ainda que, de acordo com depoimentos concordantes, os supostos autores desses raptos seriam “elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS) vestidos com uniformes pretos e encapuzados".

No mesmo sentido, outra organização, o Observatório da Dignidade Humana (ODH), dá igualmente conta de raptos e execuções sumárias supostamente cometidos pelas FDS na mesma localidade e nas mesmas circunstâncias, a ONG estimando por sua vez o número de vítimas em "mais de cinquenta civis desarmados".

Citando fontes locais, a ODH refere ainda que se acredita “que quase todas as vítimas sejam de etnia Fula, incluindo mulheres e crianças” e que “algumas das vítimas tenham sido detidas no mercado de Tougouri e outras em casa".

Ao condenar estes actos e apelar os elementos das FDS alegadamente envolvidos a pôr fim às violências, o colectivo apela o Chefe de Estado a "reenquadrar a acção destes militares que reduzem a luta contra o terrorismo a um simples extermínio de aldeias ocupadas por uma determinada comunidade".

Por sua vez, ao desmentir estas acusações, o governo do Burkina garante que "o exército já iniciou uma investigação para averiguar a veracidade e destas alegações" que “se forem fundadas, o exército irá assumir todas as consequências".

Esta não é a primeira vez que as Forças de Defesa e Segurança do Burkina Faso são acusadas de execuções arbitrárias. Já em 2020, a Human Rights Watch acusou o exército do Burkina de “execuções extrajudiciais", no âmbito de operações antiterroristas, após a descoberta de valas comuns contendo pelo menos 180 corpos em Djibo, na província de Soum no extremo norte do país, junto à fronteira com o Mali, um dos pontos mais afectados pelos ataques jihadistas.

Até agora, o exército sempre desmentiu estas práticas alegando que grupos armados actuam utilizando equipamentos das forças governamentais.

Refira-se que o Burkina Faso tem sido palco de ataques regulares desde 2015 que provocaram milhares de mortos e quase dois milhões de deslocados.

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