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Burkina Faso

Burkina Faso: novo golpe de Estado afasta líder da junta militar

Um grupo de militares do exército do Burkina Faso assumiu o controlo da televisão estatal nesta sexta-feira para anunciar a destituição do tenente-coronel Paul-Henri Damiba, que ascendeu ao poder após um golpe de Estado em Janeiro. A Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a União Africana condenam firmemente esta acção por parte dos soldados.

No Burkina Faso um grupo de militares assumiu o controlo da televisão estatal para anunciar a destituição do tenente-coronel Paul-Henri Damiba, no poder desde Janeiro.
No Burkina Faso um grupo de militares assumiu o controlo da televisão estatal para anunciar a destituição do tenente-coronel Paul-Henri Damiba, no poder desde Janeiro. © RTB / Capture d'écran
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Os militares também confirmaram a dissolução do governo e da Constituição, bem como o encerramento das fronteiras do país até nova ordem e um toque de recolher das 21 às 5 horas da manhã.

Num país atormentado por uma onda de terrorismo, a questão da segurança é vital para os cidadãos, e foi sob este manto que o tenente-coronel Paul-Henri Damiba assumiu o controlo do país em Janeiro deste ano.

Entretanto, a situação não melhorou. Esta semana elementos de grupos terroristas atacaram um comboio que se dirigia a Djibo, uma cidade no norte do país dominada por insurgentes, provocando a morte de 11 soldados e 28 civis.

Insatisfeitos, os militares citam que "a contínua deterioração da situação de segurança" no país os levou "a assumir as responsabilidades". Eles acrescentaram ainda que em breve "as forças vivas da nação" serão convocadas para redigir uma nova carta de transição para designar um novo presidente, "civil ou militar”, e prometeram "perseguir o ideal comum" do povo burquinabê, "nomeadamente restaurar a segurança e a integridade territorial".

De agora em diante, o Capitão Ibrahim Traoré assumirá a liderança do Movimento Patriótico para a Salvaguarda e Restauração, MPSR, um grupo de transição criado pela junta militar após o golpe de Estado a 24 de Janeiro.

O clima continua volátil

Indício de que o clima continua volátil, foram ouvidos tiros esta tarde na capital, depois de uma manhã relativamente tranquila e foram posicionadas forças na zona da presidência.

Numa nova declaração televisiva hoje, os golpistas acusaram Damiba, cujo paradeiro continua desconhecido desde ontem de estar a tentar uma contra-ofensiva a partir de uma base militar francesa, algo veementemente desmentido por Paris este sábado.

No âmbito deste novo golpe interpretado como o resultado de dissensões no seio do exército, desconhecem-se as intenções dos novos golpistas relativamente ao cumprimento ou não da transição até 2024, conforme tinha sido estabelecido pelos seus antecessores juntamente com a comunidade internacional.

A CEDEAO, a União Africana e a União Europeia condenam o golpe de Estado

Num comunicado emitido na noite de sexta-feira a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) condena “de forma enérgica e firme” a tomada de poder "por meios não constitucionais" e exige o respeito escrupuloso do cronograma concordado entre a organização e as autoridades de transição, para um retorno à ordem constitucional até Julho de 2024.

Em apoio a este comunicado, o presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahmat, instou aos militares de se abster imediatamente de qualquer acto de violência contra as populações civis e aos direitos humanos. O presidente reafirmou o apoio da União Africana ao povo burquinabê de forma a "assegurar a paz, a estabilidade e o desenvolvimento do país".

A União Europeia (UE) também manifestou o seu apoio à CEDEAO. Numa declaração publicada neste sábado, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, denunciou o “novo golpe de força no Burkina Faso, que compromete os esforços feitos ao longo de vários meses, em particular pela CEDEAO, para supervisionar a transição”.

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