Acesso ao principal conteúdo
Benim

Espectro da abstenção paira sobre legislativas no Benim

Cerca de 5 milhões de cidadãos do Benim são chamados hoje às urnas para escolherem o seu próximo Parlamento e deputados. Mas há apenas 2 partidos, Bloco Republicano e União Progressista, próximos do Presidente, Patrice Talon, que protagonizou uma revisão da lei eleitoral, proibindo partidos da oposição. Por outro lado, o país acordou este domingo sem acesso às redes sociais. 

Uma mulher a votar numa escola de Cotonou, nas legislativas de 28 de abril 2019 sob o espectro da abstenção.
Uma mulher a votar numa escola de Cotonou, nas legislativas de 28 de abril 2019 sob o espectro da abstenção. Yanick Folly / AFP
Publicidade

Benim está a votar este domingo para eleger os seus 83 deputados por ocasião de um escrutínio histórico em que a oposição não foi autorizada a apresentar-se, denunciada por observadores como uma postura autoritária do Presidente.

Ao adoptar esta postura o presidente do Benim, Patrice Talon, afugentou das urnas muitos dos 5 milhões de eleitores, que ainda esta tarde eram apelados pela Rádio Nacional a irem exercer o seu direito de voto.

Contudo, devido à posição autoritária do chefe de Estado, a oposição, privada de candidatos, com a nova lei eleitoral, apelou os seus apoiantes a boicotar estas eleições, em sinal de protesto.

As ruas da capital, Porto Novo, e no interior do país estavam quase vazias e nas assemleias de voto, os "eleitores chegam a conta-gotas", reconheceu Kpleli Glele Marius, presidente de uma mesa de votos em Seme-Podji, região do opositor no exílio Sébastien Ajavon.

"Nós esperamos que até ao fim do dia haja uma maior afluência", acrescentou desanimado. 

Dezenas de quilómetros mais longe, numa mesa de votos da capital constitucional do Benim, apenas uma dezena de eleitores tinham votado de um total de 261 inscritos, quatro horas depois da abertura das assembleias de voto.

A mesma fotografia se apresentava noutras regiões do país, como em  Attogon, a 50 quilómetros a norte de Cotonou, que é a cidade sede do governo, com representantes da Comissão eleitoral nacional a declarar que os eleitores ainda estavam a assistir à missa do domingo, mas que iriam mais tarde às urnas.

Apenas se apresentam a estas eleições dois partidos, o Bloco Republicano e a União Progressista, dois movimentos próximos do Presidente, Talon.

Legislativas sem Partidos da oposição

É  a primeira vez que a oposição não participa nas eleições desde a transição democrática do Benim de 1990, uma transição que tem sido apresentada como exemplo de democracia em África.

A população acusa o presidente Patrice Talon, eleito em abril, de 2016, de estar na origem desta situação. A sociedade civil e representantes internacionais não recorreram a observadores como sinal de descontentamento. 

Os principais opositores vivem actualmente no exílio e recentemente vários activistas, políticos e jornalistas foram intimados pelo Comissariado da polícia para interrogatório.

Aliás, a Amnistia Internacional, denunciou em comunicado uma "vaga de prisões arbitrárias de militantes políticos e de jornalistas e repressão de manifestações pacíficas que atingiram um nível alarmante em Benim."

Enfim, a população de Benim, sobretudo, a sua camada jovem, acordou, este domingo, estupefacta, pois, não havia acesso às redes sociais, nomeadamente, Facebook, o que acontece pela primeira vez na história da jovem democracia.

Conclusão: teme-se que haja uma alta taxa de abstenção nas eleições no Benim.

03:21

Benim vota este domingo sem partidos da oposição

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.