Três mil alunos transferidos para outras escolas
Os ataques na província de Cabo delgado, norte de Moçambique, obrigaram à transferência de cerca de 3.000 alunos e 43 professores.
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Cinco estabelecimentos lectivos do distrito de Muidumbe, província de Cabo Delgado, ainda não abriram no ano lectivo em curso por causa da violência armada. A situação obrigou à redistribuição de professores e alunos por outras escolas da região.
Ostília Lucas, directora dos Serviços de Educação, Juventude e Tecnologia de Muidumbe sublinha que “a redistribuição dos professores foi feita por escolas da zona alta e os alunos também foram acolhidos nalgumas escolas".
Segundo a agência de notícias Lusa, estatísticas da Direcção Provincial da Educação e Desenvolvimento Humano de Manica perto de 2.000 alunos de cinco escolas do ensino primário, nas zonas afectadas pelos ataques não se inscreveram devido à insegurança que afecta as localidades de Muda Serração, Chibuto I, Chibuto II e Pindanganga, no interior do distrito de Gondola.
Desde 2017, que o norte de Moçambique é alvo de ataques de grupos armados, que na província de Cabo Delgado já provocaram entre 350 e 400 mortes entre agressores, residentes e militares, além de mais de 60.000 pessoas obrigadas a abandonar as suas terras e locais de residência.
Para Salvador Forquilha, director do Instituto de Estudos Sociais e Económicos de Moçambique é preciso analisar a situação no terreno à luz do que se tem vindo a passar nos últimos anos.
O investigador sublinha a “complexidade” da situação, que envolve o extremismo religioso: “há toda uma situação em Cabo Delgado, ligada a uma economia local ilícita, ao tráfico de droga, marfim, madeira e mineração artesanal ilegal que alimenta a dinâmica do próprio conflito.”
Salvador Forquilha não “considera que a pobreza seja um elemento explicativo da situação em Cabo Delgado porque ela [pobreza] existe em todo o país. Há factores importantes a tomar em conta: o religioso, o geográfico e a proximidade com a Tanzânia e o facto histórico que se prende com as relações entre a zona norte de Cabo Delgado e a Costa Oriental de África. Além do ambiente social, político e económico locais.”
Salvador Forquilha, director do IESE
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