Acesso ao principal conteúdo
Chile

Chile: uma semana de protestos nas ruas

O Chile assinala esta sexta-feira sete dias de conflitos sociais e protestos, com episódios violentos entre manifestantes e policias que tiraram a vida a 19 pessoas.

Manifestações em Santiago do Chile, 24 de Outubro de 2019.
Manifestações em Santiago do Chile, 24 de Outubro de 2019. REUTERS/Ivan Alvarado
Publicidade

Na sexta-feira, 18 de Outubro, o caos explode na capital chilena com confrontos, incêndios e ataques no metro, que encerrou todas as estações. Os protestos levantaram-se contra o aumento do preço do bilhete de metro, que passou de 800 para 830 pesos. Depois de um aumento de 20 pesos no passado mês de Janeiro.

O prédio da empresa de energia eléctrica ENEL e uma filial do Banco Chile, ambos com sede no centro da capital, foram incendiados, assim como várias estações de metro. Os confrontos entre manifestantes e polícia aconteciam em diferentes partes da cidade.

Na sexta-feira à noite, o Presidente conservador Sebastián Piñera decretava estado de emergência em Santiago e confiava ao militar, o general Janvier Iturriaga, a responsabilidade de garantir a segurança pública.

Recolher obrigatório

No dia 19, milhares de pessoas protestaram contra injustiças sociais na capital chilena e têm lugar confronto entre manifestantes e forças da ordem. Outros protestos tiveram lugar em grandes cidades, como Valparaíso e Viña del Mar, apesar da suspensão do aumento dos preços do bilhete de metro.

Pela primeira vez, desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), milhares de militares saíram às ruas, e o recolher obrigatório é decretado na capital.

Dezenas de manifestantes incendiaram o edifício de "El Mercurio", no porto de Valparaíso, o jornal mais antigo em circulação no Chile.

Chile "em guerra"

No dia 20, os tumultos continuaram, com novos confrontos no centro de Santiago e vandalismo em diferentes bairros. Pelo menos 78 estações de metro vandalizadas. Algumas delas foram completamente destruídas.

O estado de emergência estende-se a nove das 16 regiões do país, e o recolher obrigatório é anunciado para a noite.

"Estamos em guerra contra um inimigo poderoso e implacável, que não respeita nada, nem ninguém, e está disposto a usar a violência e o crime sem qualquer limite", afirmou Sebastián Piñera.

"Fora, militares"

No dia 21, os manifestantes regressaram às ruas aos gritos; "Fora, militares".Quase todas as escolas e universidades da capital suspenderam as aulas. O transporte público voltou a abrir, ainda que com horários bastante alterados. Nas ruas vêem-se longas filas a formarem-se, bem como junto aos postos de gasolina e supermercados.

Sebastián Piñera convoca uma reunião para o dia seguinte com os partidos políticos, para tentar alcançar um "pacto social".

Medidas sociais sem efeito

No dia 22, apesar do pedido de "desculpas" do Presidente chileno e do anúncio de um pacote de medidas sociais - aumento das pensões mais baixas, congelamento do preço de electricidade, a insatisfação social não diminui. Os principais sindicatos e movimentos sociais do país convocaram uma greve geral.

Greve geral

No dia 23, primeiro dia de greve, as manifestações continuaram em várias cidades chilenas. Milhares de pessoas ocupam as ruas de Santiago, exigem o fim do estado de emergência e que "os militares voltem para o quartel". Os chilenos exigem também respostas para a pior crise social do país em 30 anos.

O governo apela os militares à rua para apoiar os 20.000 homens já mobilizados nas ruas.

Sétimo dia consecutivo de recolher obrigatório

Esta quinta-feira, 24 de Outubro, as greves e manifestações prosseguiram. Sebastián Piñera anuncia um plano para acabar com o recolher obrigatório e para acabar com o estado de emergência, mas o Presidente chileno decreta recolher obrigatório para esta sexta-feira.

Desde o início do movimento, 19 pessoas perderam a vida, incluindo uma criança de 4 anos. 584 pessoas ficaram feridas, durante os distúrbios que também conduziram centenas de detenções, de acordo com relatório do Instituto Nacional de Direitos Humanos.

De acordo com uma das 31 reclamações judiciais apresentadas pelo Instituto Nacional de Direitos Humanos do Chile, três homens e um menor de idade de 14 anos teriam sido presos e "crucificados numa estrutura metálica” no  bairro de Santiago.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.