Carlos Ghosn: “que simulacro de justiça”
A justiça libanesa decidiu confiscar o passaporte francês de Carlos Ghosn. O ex-presidente da Renault-Nissan encontra-se em Beirute desde 30 de Dezembro de 2019, depois de ter conseguido fugir às autoridades japonesas.
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Em entrevista à France 24, o ex-presidente executivo do grupo Nissan e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi disse não ter ficado “surpreso” com a retirada do passaporte por parte das autoridades libanesas: “a partir do momento em ouvi a notícia do mandado da Interpol a pedido do governo japonês, a primeira coisa que acontece é ser interrogado sobre o mandado e depois dá-se início a um inquérito que obriga à retirada do passaporte”.
Sobre a fuga, Carlos Ghosn não fala, mas explicou os motivos que estiveram na base da decisão: “Quando à partida você vai ser julgado com 99,4% de condenação, parte com 0,6% de margem, que não é nada. Mas há várias razões para isso [para a fuga], não é apenas uma impressão. Tem a ver com factos, posições, comportamentos, com os pedidos que os meus advogados fizeram à Justiça e que foram sistematicamente recusados. Sobre o comportamento dos procuradores que violaram pelo menos dez leis japonesas. Depois, fui libertado mediante o pagamento de uma caução. O montante que foi pedido é recorde no Japão. Impediram-me de ver a minha mulher durante 9 meses. Ao fim de 14 meses continuo sem data para o processo. Ao fim de algum tempo você pensa que simulacro de justiça… além disso você não está no seu país e as pessoas sabem-no perfeitamente”.
Carlos Ghosn estava sob detenção domiciliária no Japão a aguardar julgamento. O franco-brasileiro de origem libanesa foi detido em Tóquio em 19 de Novembro de 2018 por suspeita de abuso de confiança e evasão fiscal.
O empresário esteve detido 130 dias, entre Novembro de 2018 e Abril de 2019, entre custódia policial e prisão preventiva. Desde o final do mês de Abril que aguardava em detenção domiciliária julgamento por evasão fiscal, entre outros crimes.
Carlos Ghosn em entrevista à France 24
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