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Turquia / Egipto

Turquia em plena operação de charme para reatar relações com o Egipto

Depois de quase uma década de silêncio entre Ancara e o Cairo, a Turquia tem estado a multiplicar os gestos de abertura junto do Egipto, numa tentativa de sair do seu isolamento regional, numa altura em que os países do Mediterrâneo têm estado a organizar a partilha das grandes reservas de gás natural recentemente descobertas na região, num processo do qual a Turquia se sente excluída.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. AP
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Com relações diplomáticas suspensas desde 2013, após a demissão do primeiro presidente democraticamente eleito do Egipto, Mohamed Morsi, oriundo da Irmandade Muçulmana e apoiado pela Turquia, os dois países poderiam estar a tentar reatar os elos. Pelo menos é o que afirma o chefe da diplomacia turca

Mevlüt Cavusoglu, que ao confirmar hoje que "começaram contactos diplomáticos com o Egipto sem condições preestabelecidas", referiu ainda que "assim que os contactos diplomáticos e políticos produzirem resultados, poder-se-á levar isso a um nível superior”.

Apesar destes sinais e apesar de Ancara ter moderado ultimamente as suas declarações, depois de Recep Erdogan ter-se referido durante muito tempo ao líder egípcio, Abdel Fattah al-Sissi como sendo um "golpista", o Cairo tem-se mantido para já impassível.

O Egipto, juntamente com outros países da região, Chipre, Grécia, Israel, Jordânia, Itália e os Territórios Palestinianos estabeleceu em 2019 o "Fórum do Gás do Mediterrâneo Oriental" no intuito de organizar a partilha das grandes reservas de gás descobertas no mar Mediterrâneo. Este fórum, contudo, não inclui a Turquia que, depois de ter efectuado prospecções unilaterais, suscitando a ira dos seus vizinhos, diz-se agora disponível para negociar um acordo de delimitação marítima com o Egipto no Mediterrâneo oriental, numa tentativa de sair do seu isolamento regional.

Além desta operação de charme junto do Cairo, a Turquia está igualmente a tentar resgatar as relações com os Emirados Árabes Unidos e com a Arábia Saudita. Ao mostrar-se seguro da possibilidade de reatar relações com estes países, o chefe da diplomacia turca disse inclusivamente que "se eles tomarem uma atitude positiva, a Turquia também o fará."

As relações entre os dois pesos pesados do golfo pérsico e a Turquia não têm sido as melhores nos últimos anos, nomeadamente por Ancara se ter colocado do lado do grande rival desses dois países, o Qatar, alvo de boicote regional desde 2017. A Turquia está igualmente do lado do governo reconhecido pela comunidade internacional da Líbia, enquanto os Emirados e a Arábia Saudita preferem apoiar os dissidentes. Por fim, o assassinato do jornalista e opositor saudita Jamal Khashoggi no consulado de seu país em Istambul em 2018, azedou ainda mais as relações entre a Arábia saudita e a Turquia, uma vez que o regime de Erdogan responsabilizou directamente o príncipe herdeiro saudita, Mohamed Ben Salman.

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