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Visita PM Camboja/ Myanmar

PM do Camboja em Myanmar: "Esta visita dá legitimidade à Junta Militar"

O primeiro-ministro do Camboja e actual líder da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), Hun Sen, deslocou-se hoje a Myanmar para uma visita oficial de dois dias. O chefe do executivo do Camboja é o primeiro chefe de governo estrangeiro a visitar o país desde o golpe militar de fevereiro passado.

O primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, à chegada ao aeroporto de Napyidaw, em Myanmar. 7 de Janeiro de 2021.
O primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, à chegada ao aeroporto de Napyidaw, em Myanmar. 7 de Janeiro de 2021. AP - An Khoun Sam Aun
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Para Paulo Fontes, director de comunicação e campanhas da Amnistia Internacional, esta visita não deveria estar a acontecer porque é um acto que dá legitimidade à Junta Militar e aos abusos de direitos humanos que têm acontecido até agora no país. 

"Antes de mais, esta visita não deveria estar a acontecer. Ela significa um gesto de diplomacia vazio deste primeiro-ministro e presidente da ASEAN. Ela não deveria acontecer porque é um acto que dá legitimidade à Junta Militar e aos seus abusos dos direitos humanos que aconteceram continuamente e até agora", começou por explicar o responsável da Amnistia Internacional, defendendo que este encontro "não prioriza a acção e o progresso pelos direitos humanos em Myanmar".

Segundo o nosso entrevistado, esta visita, para além de dar legitimidade à Junta Militar "está a romper com a resposta da ASEAN à crise de Myanmar e está a enviar mensagens que são contraditórias ao líder do golpe de Estado do país, que tem sido impedido de participar nas recentes reuniões de alto nível da ASEAN, isto num sinal de repressão, que até tem sido raro nesta organização".

"Por outro lado, é também importante que especificamente Hun Sen , enquanto Presidente da ASEAN, se foque na protecção dos direitos humanos e que exija a responsabilização pela violação destes direitos que têm ocorrido desde o golpe de Estado, em Fevereiro do ano passado", reiterou Paulo Fontes.

Ouça aqui parte da sua alocução:

01:22

Paulo Fontes, Amnistia Internacional, sobre visita PM Camboja ao Myanmar 07-01-2021

Depois, o director de comunicação da Amnistia Internacional, explicou o isolamento do Myanmar: "O isolamento do Myanmar teve uma razão e, dentro deste bloco de países ASEAN, especificamente, também como mensagem para a forma como a liderança, de facto, estava a cometer abusos contínuos dos direitos humanos".

"Esta visita, que é, de facto, a primeira visita de um chefe de Governo estrangeiro desde o golpe de Estado de 1 de Fevereiro é uma mensagem que é contraditória com aquela que é e deveria ser a acção da ASEAN", complementou.

Depois, Paulo Fontes criticou a postura da Associação das Nações do Sudeste Asiático: "Temos visto ao longo destes últimos meses que não se pode contar com a ASEAN porque este bloco já demonstrou muitas vezes e repetidamente que não consegue tomar medidas significativas para evitar as ocorrências das atrocidades que têm acontecido em Myanmar".

O director de comunicação da Amnistia Internacional disse ainda que é urgente uma resposta concertada da Comunidade Internacional.

"É importantíssimo que a Comunidade Internacional também atue, que o conselho de Segurança das Nações Unidas remeta urgentemente esta situação para o Tribunal Penal Internacional e que se impunham sanções específicas e inclusivamente que haja um embargo global e total de armas para Myanmar", rematou Paulo Fontes.

Ouça aqui o restante discurso:

01:12

Paulo Fontes, Amnistia Internacional, aborda a visita PM Camboja ao Myanmar 07-01-2021

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