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Líbano

Altos responsáveis colocados em acusação pela explosão do porto de Beirute

Tarek Bitar, o juiz encarregado da investigação sobre a explosão no porto de Beirute a 4 de Agosto de 2020 que custou a vida de 215 pessoas, retomou ontem o seu inquérito ao fim de 13 meses de suspensão na sequência de uma série de acções judiciais lançadas contra ele e de uma tentativa de o substituir. Logo após retomar o inquérito, Tarek Bitar procedeu à acusação formal de uma série de altos responsáveis.

Explosão no porto de Beirute no dia 4 de Agosto de 2020 custou a vida de 215 pessoas e provocou 6.500 feridos.
Explosão no porto de Beirute no dia 4 de Agosto de 2020 custou a vida de 215 pessoas e provocou 6.500 feridos. © AP
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Após inculpar ontem dois altos responsáveis, o director da Segurança geral, Abbas Ibrahim, próximo do Hezbollah, e o chefe da segurança do Estado, Tony Saliba, próximo do Presidente Aoun, por "potencial intenção de homicídio", o juiz formalizou hoje igualmente uma acusação contra o Procurador-Geral Ghassan Oueidate e contra sete outros responsáveis, entre os quais 3 magistrados.

Em reacção, a Procuradoria-Geral da República que afirma que o juiz não pode retomar o seu inquérito, rejeitou todas as decisões tomadas por ele. "Tomamos conhecimento do regresso do juiz Bitar pela imprensa. Já que ele considera que a Procuradoria não existe, também o consideramos inexistente", declarou o procurador Oueidate.

O juiz Bitar fixou para os dias 6 a 13 de Fevereiro os interrogatórios de 14 pessoas, entre as quais ministros então em posto em 2020, assim como o então chefe do executivo Hassan Diab. No passado, este último recusou comparecer perante o juiz.

Tarek Bitar que não tem filiação política e tem reputação de ser 'incorruptível' tem vindo a somar inimizades no seio da classe política libanesa, nomeadamente o poderoso Hezbollah que exigiu a sua substituição no dossier.

Em Dezembro de 2021, o juiz tinha-se visto na obrigação de suspender as suas investigações depois de responsáveis políticos que ele pretendia ouvir terem lançado acções em justiça contra ele.

Nestas circunstâncias, as autoridades políticas libanesas têm sido frequentemente acusadas de entrave à justiça.

Ainda hoje os Estados Unidos garantiram que "apoiam as autoridades libanesas e exortam-nas a efectuar um inquérito rápido e transparente". A Amnistia Internacional, por sua vez, apelou o governo a "tomar todas as medidas para garantir que o inquérito local possa retomar sem interferência política", isto "em vez de criar novos obstáculos".

O Líbano tem sempre recusado a realização de um inquérito internacional sobre o que aconteceu no dia 4 de Agosto de 2020. A explosão de um armazém do porto de Beirute onde estavam armazenadas centenas de toneladas de nitrato de amónio tem sido imputada pela população à corrupção e à negligência da sua classe dirigente.

Até agora, ninguém chegou a ser responsabilizado e sancionado pela tragédia.

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