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Mar Mediterrâneo

Grécia: 9 passadores presumíveis perante a justiça em caso de naufrágio

Atenas – 9 Egípicios suspeitos de serem passadores compareciam, nesta segunda-feira, 19 de Abril, pela primeira vez perante a justiça grega. Eles fazem parte do grupo de 104 socorridas a bordo de um barco de pesca superlotado que naufragou na semana passada ao largo da Grécia. O papel da guarda costeira grega está envolto em controvérsia. Centenas de pessoas estariam dadas como desaparecidas, oficialmente por ora fala-se em 78 mortos.

Fotografia da guarda costeira grega mostrando migrantes a bordo de barco aquando de operação de resgate antes do naufrágio da embarcação ao largo da Grécia a14 de Junho de 2023.
Fotografia da guarda costeira grega mostrando migrantes a bordo de barco aquando de operação de resgate antes do naufrágio da embarcação ao largo da Grécia a14 de Junho de 2023. © Guarda costeira grega / Reuters
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A bordo deste barco de pesca que fazia a rota entre a Líbia e a Itália estariam cerca de 700 pessoas.

A Organização internacional das migrações alega que esta poderia ser "uma das tragédias mais devastadoras no Mar Mediterrâneo no espaço de uma década".

A guarda costeira grega teria afirmado, inicialmente, que os migrantes a bordo da embarcação que seguia rumo a Itália não pretendiam ser resgatadas.

Outras versões citadas pela BBC alegam que o velho barco de pesca superlotado nem se teria mexido ao longo de sete horas.

Este drama ocorre quando a Grécia vota neste domingo em eleições legislativas em que a direita, dever-se-ia manter no poder.

Pedro Viana, antigo director da revista "Société et migrations" denuncia as condições que levam a que muitos migrantes acabem por recorrer a passadores que os levam a tentar a travessia rumo à Europa correndo risco de vida.

"Ao mesmo tempo os governos querem dizer "Somos duros, não queremos mais imigração !... Para buscar votos, inclusive nas extremas direitas, nacionalistas, xenófobas ! E, ao mesmo tempo, precisam desta mão-de-obra e essa história que estão a julgar não sei quantos egípcios que teriam sido os transportadores, os passadores... Pode até ser que sejam ! Não sei, mas o meu problema não são os passadores. O meu problema são as condições que levam que os passadores possam existir ! E é a política dos países ricos que entrega os migrantes entre as mãos dos passadores !   Que o Frontex [Agência europeia de guarda fronteiras e guarda-costeiras ] não conseguiu evitar [a tragédia] é uma evidência ! A minha pergunta é: "Quis evitar ?" Porque muitas organizações não governamentais acusam a Frontex de deixar que as coisas aconteçam !"

01:00

Pedro Viana sobre insuficiências da Frontex, 19/6/2023

 Pedro Viana, antigo director da revista "Société et migrations" alega que se está perante novas rotas migratórias num caso em que a própria polícia helénica é posta em xeque.

"Neste momento há acusações inclusive contra a marinha grega e que é melhor deixar morrer... porque há tanta gente que quer vir [para a Europa]. Agora parece que os responsáveis estão espantados porque dizem que havia muitos palestinianos e muitos sírios entre as pessoas que estavam no barco. Mas é evidente: basta ver o que está a ocorrer na Palestina e na Síria neste momento... E paquistaneses: o Paquistão é um país ditatorial. As águas territoriais da Grécia são muito importantes: é uma península, há várias ilhas. Há uma nova trajectória migratória que passa pelo Oeste da Líbia, que saem de uma cidade como Tobrouk e, para os migrantes hoje em dia é menos perigoso tentar esta travessia, pelo mar, Toubrouk / Creta ou Tobrouk / Peloponeso do que atravessar a Líbia que é um país em situação caótica."

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