Cairo acolhe negociações para trégua entre Israel e o Hamas durante o Ramadão

Este domingo, 03 de Março, representantes do Hamas, do Qatar e dos Estados Unidos estão no Cairo para “iniciar uma nova ronda de negociações” com vista a uma trégua na Faixa de Gaza. O objectivo é alcançar um acordo antes do início do Ramadão, na próxima semana. 

Retomadas hoje no Cairo as negociações com vista à obtenção de uma trégua entre Israel e o Hamas durante o Ramadão. AP - Mahmoud Essa

Retomadas hoje, 03 de Março, no Cairo as negociações com vista à obtenção de uma trégua entre Israel e o Hamas durante o Ramadão. Todavia, no terreno, continuam os bombardeamentos israelitas a Gaza, território além da guerra ameaçado também pela fome, segundo a ONU.

Segundo a imprensa egípcia, representantes do Qatar e dos Estados Unidos encontram-se no Cairo onde os enviados do Hamas lhes devem “dar uma resposta à proposta desenvolvida em Paris” no final de Janeiro.

Essa proposta dos países mediadores – Qatar, Estados Unidos e Egipto – confere uma pausa de seis semanas nos combates e a libertação de 42 reféns israelitas detidos pelo Hamas em troca da libertação de palestinianos detidos por Israel.

O objectivo é conseguir uma trégua antes do início do mês de jejum muçulmano, que começa a 10 ou 11 de Março.

Uma trégua poderia ser assinada dentro de “24 a 48 horas” se Israel “aceitar as exigências do Hamas, que incluem o regresso dos palestinianos deslocados ao norte de Gaza e um aumento na ajuda humanitária” na ordem dos "400 a 500 camiões por dia", avançou à AFP uma fonte oficial do Hamas.

Em troca da libertação de reféns, o movimento palestiniano também exige um cessar-fogo permanente e uma retirada israelita de Gaza, onde várias incursões aéreas nocturnas visaram as cidades de Khan Younès e Rafah, no sul.

Em quase cinco meses, as operações militares israelitas - desencadeadas em retaliação ao ataque sem precedentes do Hamas em Israel a 07 de Outubro - já deixaram mais de 30.410 mortos na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde local.

Além disso, a agência das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários denuncia a catástrofe humanitária provocada pelo conflito e a fome é “quase inevitável” para 2,2 milhões de pessoas, a grande maioria da população de Gaza

O Conselho de Segurança da ONU expressou no sábado a "grave preocupação" com a insegurança alimentar em Gaza e apelou à entrega sem entraves de ajuda humanitária "em grande escala". Face às dificuldades em transportar ajuda humanitária por via terrestre no território bloqueado por Israel desde 2007, os Estados Unidos realizaram no sábado a primeira operação conjunta de lançamento aéreo de ajuda com a Jordânia. 

Em Roma, o Papa Francisco apelou a "um acesso seguro" à ajuda humanitária para esta população que tem "necessidades urgentes".