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Áustria

Áustria de novo confinada, tenta salvar o Natal

A Áustria vive, de novo, confinada desde hoje devido ao agravamento da pandemia de Covid-19. A partir de Fevereiro a vacinação passará, mesmo, a ser obrigatória num país com apenas 66% dos austríacos a estarem completamente vacinados. A Áustria fecha-se por dez dias, renováveis, para tentar inverter o aumento exponencial de casos da pandemia.

Mercado de Natal de Salzburgo (Áustria) fechado mesmo na véspera do confinamento, a 21 de Novembro de 2021.
Mercado de Natal de Salzburgo (Áustria) fechado mesmo na véspera do confinamento, a 21 de Novembro de 2021. BARBARA GINDL APA/AFP
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Lojas (excepto comércio essencial), bares, restaurantes, recintos culturais, cabeleireiros ou mercados de Natal ficam encerrados.

As escolas mantêm-se abertas, mas o teletrabalho é preconizado.

Os austríacos podem sair de casa apenas para ir às compras, para tratamento médico ou para praticar exercício físico.

Só 66% dos austríacos estão completamente vacinados, uma cifra inferior à de grande parte dos parceiros europeus.

O antigo chanceler conservador Sebastian Kurz tinha chegado a decretar a pandemia como terminada, pelo menos para os vacinados.

O seu sucessor, Alexander Schallenberg, acabou por instaurar a obrigatoriedade da vacinação a partir de 1 de Fevereiro do próximo ano, medida excepcional na Europa.

E isto para além deste confinamento, contestado ao longo do fim de semana nas ruas do país, mas que acaba de arrancar, previsivelmente até 13 de Dezembro.

Os austríacos gostariam de poder, ainda, salvar as últimas semanas dos tradicionais Mercados de Natal, que abrilhantam grande parte das localidades, no período em torno daquela data.

Entre as razões para a explosão de casos de Covid-19, segundo Rui Miguel Pereira, cidadão português radicado em Viena, estaria o discurso céptico do FPO, partido de extrema-direita, e terceira força política do país.

Acompanhe aqui o relato de Rui Miguel Pereira a partir de Viena.

03:28

Rui Miguel Pereira, relato de Viena, 22/11/2021

Aquilo que foi anunciado é que normalmente, no máximo, seria confinamento de 20 dias, com uma etapa intermédia ao 10° dia para avaliação, que é quase dado como certo que vai durar 20 dias, vista a situação algo catastrófica do país, com os números a continuarem a subir, mesmo já desde há uma semana, depois de terem as pessoas não vacinadas já confinadas.

RFI: O que muitos parceiros europeus não entendem é porque é que a Áustria tem de facto menos de 70% de população vacinada. Há alguma explicação para isso?

Existem várias explicações que já foram avançadas, mas talvez a primeira, que vem logo no topo da lista é realmente esta particularidade de, na Áustria, termos um terceiro partido mais importante no Parlamento que é claramente contra as vacinas. 

Na última semana, o líder deste partido, Herbert Kickl, teve Covid-19 e publicou um vídeo a dizer que a Áustria estava a viver um momento de uma espécie de ditadura sanitária, a mesma pessoa que há uns meses usava expressões como ‘A vacinação, isto é uma experiência de engenharia genética, a uma escala global’.

Este factor político é realmente muito importante. Existem algumas correlações entre pessoas que votam no FPO, no partido da liberdade, no partido de extrema direita, do qual Herbert Kickl é o líder.

Existe esta ligação e depois outras explicações talvez um pouco mais interessantes porque isto engloba, não só a Áustria.

Esta questão da baixa taxa de vacinação também inclui um pouco a Alemanha e outros países e isso pode ter a ver também com o tipo de comunicação que foi feito na altura, se calhar, também ligado com as circunstâncias do facto de eles não terem sentido, como em Portugal, Itália, Espanha ou França um impacto emocionalmente tão forte, que é uma situação tão mais complicada no passado e que levou a que desvalorizassem a vacinação.

O próprio governo, isso é absolutamente claro, não estava preparado para uma quarta vaga. O próprio Sebastian Kurz já tinha anunciado, de maneira um pouco apressada, que a pandemia já tinha acabado e que mais medidas deste género não iriam ver a luz do dia. A Áustria não estava preparada para este cenário. O caos é visível.

Ou seja, as lojas, bares, restaurantes estão fechados, se calhar, uma das faces mais visíveis deste novo encerramento, deste novo confinamento prende-se com o cancelamento dos tradicionais mercados de Natal, que é algo que faz com que multidões se mobilizem nas vésperas de Natal, não é? Os mercados de Natal estão também eles fechados e sem perspectivas de reabrir.

Sim, é realmente do ponto de vista económico, a situação mais complicada. Em Viena, são dezenas e dezenas de mercados deste género que já estavam praticamente todos montados. Eles costumam abrir mais ou menos nesta altura.

Perto do lugar onde eu trabalho, o mercado já tinha as luzes e realmente este era o fim-de-semana de abertura. Para já, isto vai ter um impacto obviamente nestas pessoas, mas pode ser que isto também seja uma espécie de planeamento.

Vamos lá, vamos ser optimistas e achar que isto é deliberado, que há um planeamento para permitir ainda assim que os mercados de Natal estejam a funcionar durante a semana onde normalmente existem umas pequenas férias de Natal.

Isso seria uma espécie de consolação, mas que economicamente seria talvez difícil de recuperar, mas, pelo menos, de manter os mercados de Natal abertos na altura do Natal… Talvez esta medida tenha sido mais precipitada e obviamente depois o facto de estar com a família e com os amigos nestas festas, obviamente.

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