Junta militar birmanesa transfere Aung San Suu Kyi para uma prisão de Naypidaw
A junta militar birmanesa transferiu hoje a dirigente deposta do país Aung San Suu Kyi da sua residência, onde era mantida em detenção desde o golpe do ano passado, para a zona de isolamento de uma prisão da capital, Naypidaw, a ex-dirigente birmanesa tendo doravante apenas contactos com os seus advogados.
Publicado a:
De acordo com o exército que retomou por completo o poder no dia 1 de Fevereiro de 2021, a antiga líder birmanesa doravante apenas terá possibilidade de sair para assistir às audiências que decorrem à porta fechada, com proibição total dos seus advogados se expressarem sobre as diversas acusações às quais ela tem de responder.
A ex-responsável política do Myanmar, galardoada com o Prémio Nobel da Paz em 1991, é suspeita de várias infracções pelas quais incorre décadas de prisão. Ela é nomeadamente acusada de violação de uma lei sobre os segredos de Estado datando da era colonial, fraude eleitoral, sedição, corrupção, esta última prática tendo sido o motivo invocado para ela ser já condenada a 11 anos de prisão.
Segundo Phil Robertson, director-adjunto da delegação asiática da Human Rigts Watch, «a junta militar está dirigir-se para uma fase mais repressiva relativamente a Aung San Suu Kyi», este responsável considerando que os militares «estão manifestamente a tentar intimidá-la, a ela e aos seus apoiantes».
Contudo, a dirigente de 77 anos «age como dantes e continua a ter ânimo. Ela está habituada com este tipo de situação» e «ela está de boa saúde, pelo que se sabe» refere uma fonte próxima do dossier.
Numerosos observadores denunciam processos que visariam unicamente afastar do poder a grande vencedora das eleições de 2015 e de 2020.
Em finais do mês passado, próximos da antiga dirigente transmitiram uma queixa junto de um grupo de trabalho da ONU denunciando o que qualificaram de «rapto judiciário».
Entre os países que têm denunciado a situação vigente no Myanmar, a França falou em «política de terror» aplicada por um regime «sem legitimidade».
Para além de Aung San Suu Kyi, outros opositores foram colocados na prisão. No começo deste mês, a Junta Militar anunciou a sua intenção de executar 4 presos, entre os quais um membro eminente do partido de Aung San Suu Kyi. A confirmar-se, serão as primeiras execuções no país desde 1990.
Segundo uma ONG local, cerca de 11 mil pessoas estão detidas, sendo que o conflito vigente entre o exército e milícias locais apoiadas por rebeldes, causaram mais de 2 mil mortos entre os civis.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro