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Turquia

Turquia realiza eleições presidenciais e legislativas

A Turquia realiza este domingo, 14 de Maio, eleições presidenciais e legislativas, uma das votações mais importantes e renhidas de sempre. De acordo com as últimas sondagens, o líder da oposição, Kemal Kilicdaroglu, surge com uma pequena vantagem. A presidência da Turquia poderá só ficar decidida numa segunda volta.

Assembleia de voto na Turquia este domingo, 14 de Maio.
Assembleia de voto na Turquia este domingo, 14 de Maio. REUTERS - YVES HERMAN
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Sessenta milhões de turcos votam hoje em eleições presidenciais e legislativas. A generalidade das últimas sondagens dava uma pequena vantagem a Kemal Kiliçdaroglu, 74 anos, líder do Partido Republicano do Povo (CHP, esquerda nacionalista e laica).

A coligação Kiliçdaroglu, que inclui outros seis partidos, enfrenta o actual Presidente Recep Tayyip Erdogan que ambiciona um terceiro e último mandato. Erdogan diz querer consolidar as enormes mudanças que a sua longa governação, mais de 20 anos, fez no país, naquilo que ele chama ser o “século da Turquia”.

Apesar de tudo, o resultado é extremamente incerto e tudo pode acontecer. Um cenário de vitória de qualquer um destes rivais já hoje, ou uma segunda volta, a 28 de Maio.

O terceiro candidato, Sinan Ogan -um nacionalista de direita- deverá obter poucos votos, eventualmente os suficientes para forçar uma segunda volta. Um quarto candidato, Muharrem Ince, um dissidente do CHP que teimou em manter a sua candidatura, desistiu na passada quinta-feira.

Em 2018, o actual presidente ganhou um referendo – uma das treze vitórias eleitorais desde que, em Novembro de 2002, Erdogan ganhou as suas primeiras legislativas, tornando-se então primeiro-ministro, mudando o regime para um regime presidencial, onde o chefe de Estado tem todo o poder executivo e nomeia o Governo.

Kiliçdaroglu prometeu precisamente reverter o sistema para um parlamentar se ganhar, mas para tal vai precisar de uma vasta maioria parlamentar para mudar a Constituição, que se afigura muito difícil – as sondagens indicam que o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, islamismo nacionalista, de Erdogan) e seus aliados ganharão uma provável maioria parlamentar.

Três factores ajudam a explicar porque é que o longo reinado do "todo-poderoso" Recep Tayyip Erdogan poderá estar ameaçado: O facto de que desta vez a oposição conseguiu unir-se à volta de um candidato único, numa coligação inédita que inclui nacionalistas, islamitas, curdos e laicos;

A profunda crise económica na Turquia, com uma hiperinflação (45% atualmente, já atingiu 90%) e a desvalorização acentuada da moeda, que causou uma enorme perda do poder de compra dos turcos; 

A resposta lenta e desorganizada das autoridades ao terrível sismo que sacudiu uma vasta área da Turquia em Fevereiro, e que causou mais de 50,000 mortos.

O que está em jogo são duas opções diametralmente opostas para este país: de um lado, Erdogan como um líder forte que põe tónica na força e na dominância, na Turquia como potência regional e militar e independente do ocidente – os seus cartazes eleitorais apregoavam todas as armas que a poderosa indústria militar nacional consegue fabricar, na liderança da uma irmandade muçulmana no mundo e aposta na defesa dos valores tradicionais muçulmanos – ele chamou várias vezes de homossexual ao seu rival, e acusou-o de estar a soldo dos EUA.

A generalidade dos observadores concorda que, nos últimos anos, Erdogan tem governado de forma autocrática, afastando ou prendendo todos os críticos e dissidentes, limitando direitos e liberdades individuais e ignorando o Estado de Direito.

Do outro lado, um Kiliçdaroglu que apelou sobretudo ao coração (o símbolo da sua campanha) e à reconciliação nacional, à tolerância e à união entre todos os turcos, crentes ou laicos, curdos ou turcos, sunitas ou alevitas, profundamente divididos pela retórica polarizadora de Erdogan, Kiliçdaroglu quer também desanuviar as relações tensas que a Turquia tem com muitos países.

Dois grupos de votantes poderão ser cruciais para assegurar vitória para um ou outro lado: os 5 milhões de jovens que vão votar pela primeira vez neste escrutínio, que nasceram já sob o consulado de Erdogam. Muitos anseiam por um país mais liberal e menos conservador e os milhões de pessoas que vivem na área afectada pelo sismo, tradicionalmente dominada pelo AKP. Muitos destes eleitores ainda estão a precisar de ajuda para satisfazer as suas necessidades mais básicas, podendo ficar em casa, ou nas tendas onde ainda vivem, ou mudar o sentido de voto.

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