Segunda volta das presidenciais na Turquia
Na Turquia, a votação decorre até agora sem problemas. Mais de sessenta milhões de eleitores turcos estão hoje a votar para eleger o próximo presidente, na segunda volta de uma das mais disputadas eleições de sempre. A escolha é entre Recep Tayyip Erdogan, no poder há 21 anos, que procura um terceiro mandato presidencial, ou Kemal Kiliçdaroglu, o candidato de uma frente de 6 partidos da oposição.
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Na primeira volta Erdogan contrariou todas as sondagens e obteve 49,5% do voto, tendo ficado muito próximo da vitória. Os últimos anos do seu regime têm sido caracterizados como autoritários e corruptos, com aquilo que muitos observadores consideram ser uma erosão do estado de direito, e limitação das liberdades individuais. Vários dos seus opositores foram presos ou estão acusados pela justiça turca, e a Turquia tem assumido com Erdogan uma postura cada vez mais ambiciosa e beligerante no mundo, e desenvolveu capacidades militares próprias.
Já Kiliçdaroglu tentou explorar a enorme crise económica em que o país está mergulhado, em parte devido às políticas económicas pouco ortodoxas de Erdogan, mas a sua mensagem não parece ter penetrado suficientemente na Turquia muçulmana e nacionalista, que se revê na mensagem do actual presidente. Kiliçdaroglu, que era dado como favorito antes da primeira volta, conseguiu 44,9% do voto, com 2,5 milhões de votos a menos do que Erdogan.
Erdogan é agora o grande favorito para conseguir a vitória, até porque Sinan Ogan, um nacionalista de direita que conseguiu há duas semanas uns surpreendentes 5,2%, forçando uma segunda volta, deu o seu apoio a Erdogan. E apesar de Kiliçdaroglu ter adotado nos últimos dias uma retórica mais nacionalista, prometendo ser duro contra o terrorismo e expulsar todos os refugiados, será difícil conseguir recuperar os 2,5 milhões de votos que precisa.
Por outro lado, a coligação liderada pelo partido do actual presidente (Partido da Justiça e Desenvolvimento, AKP, nacionalismo islamita) conseguiu a maioria absoluta no parlamento nas eleições legislativas que também decorreram há duas semanas, dando um trunfo importante a Erdogan.
Uma das incógnitas diz respeito à abstenção - esta foi muito baixa na primeira volta (apenas 11%), mas deverá aumentar agora, devido ao desalento e motivação que se sente entre alguns opositores, após o relativo fracasso da primeira volta.
Erdogan e Kiliçdaroglu já votaram nesta manhã. Em Istambul Erdogan disse que “era um dia importante para a democracia turca”, enquanto Kiliçdaroglu em Ancara apelou “ao bom senso para expulsar este governo autoritário, e permitir que a democracia regresse ao país”.
As urnas fecham às 17h turcas, 16h em Paris e os resultados finais deverão ser conhecidos noite dentro.
Ouça a Crónica de José Pedro Tavares, o nosso correspondente.
Crónica de José Pedro Tavares 28-05-2023
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