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"Decepção" na oposição e vitória quase certa para Erdogan após primeira volta das eleições

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Com todos os votos apurados nas eleições presidenciais que decorreram na Turquia no Domingo, os resultados apontam para uma segunda volta no dia 28 de Maio, um resultado histórico no país. Para Dejanirah Couto, especialista do Médio Oriente ligada à Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, esta é “uma vitória cinzenta” de Erdogan, que deverá ser confirmada na segunda volta, sendo necessário do lado da oposição não se desmotivar para a segunda ronda.

As eleições presidenciais na Turquia decorreram de forma democrática, segundo a especialista Dejanirah Couto.
As eleições presidenciais na Turquia decorreram de forma democrática, segundo a especialista Dejanirah Couto. AP - Christoph Reichwein
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Segundo os resultados oficiais conhecidos até ao momento, o actual presidente e recandidato, Recep Tayyip Erdoğan, ficou à frente na preferência dos turcos com 49,51% dos votos, seguido de Kemal Kilicdaroglu, pertencente à comunidade muçulmana moderada Alevi e que concentrou os apoios da esquerda e do centro político da Turquia, com 44,88% dos votos.

Em entrevista à RFI, Dejanirah Couto explica que este é um resultado que desaponta os dois lados, já que tanto Erdogan como o seu opositor esperavam ganhar logo na primeira volta, evitando assim uma segunda volta, algo que nunca tinha acontecido no país até hoje.

"É uma vitória cinzenta na medida em que o partido de Erdogan esperava um enchente. Em todo o caso, não esperavam de maneira nenhuma ter de ir para uma segunda volta. É um vitória amarga, não é uma vitória completa. [...] Na oposição é uma grande decepção. O clima geral na Turquia era de enorme esperança, como não se via em 2017", descreveu a investigadora.

Esta professora universitária relata que a oposição na Turquia estava "confiante" e que para 28 de Maio se deve confirmar a reeleição de Erdogan. Kemal Kilicdaroglu deve mobilizar agora os seus apoiantes para tentar evitar mais um mandato de Recep Tayyip Erdoğan.

"Do ponto de vista de Erdogan este período intermédio é só para manter a aquisição inicial da primeira volta, não exige o esforço extraordinário da parte dos militantes, em contrapartida, a oposição vai ter que realmente manobrar muito bem e reformular a sua campanha para não recuar ou, pelo menos, tentar que a segunda volta não se passe muito mal. Eu acho que vamos para uma reeleição de Erdogan", declarou Dejanirah Couto.

Para esta investigadora, a democracia na Turquia está a funcionar já que numa eleição para 87 milhões de pessoas, não houve grandes incidentes durante o escrutínio, sendo agora necessário manter a mesma tranquilidade na segunda volta das eleições.

"Houve todo um trabalho bastante notável [...] Os mecanismos democráticos dentro da Turquia são uma facto, sempre existiram, sempre têm existido e sempre têm resistido à pressão do Governo de Erdogan, especialmente nos últimos anos", concluiu.

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