Acesso ao principal conteúdo
Em directo da redacção

A luta pelo teatro no Festival OFF Avignon

Publicado a:

O Festival OFF Avignon, paralelo ao Festival de Avignon, apresenta, este ano, quase 1500 espectáculos. Avignon é em Julho uma cidade-teatro, com dezenas de salas abertas para o evento, milhares de pessoas que rumam aos teatros e centenas de profissionais a tentarem sobreviver. O encenador, actor e produtor Renato Ribeiro vai há cerca de 30 anos a Avignon e falou-nos sobre a sua luta.

Encenador Renato Ribeiro, Avignon, 11 de Julho de 2023.
Encenador Renato Ribeiro, Avignon, 11 de Julho de 2023. © Carina Branco/RFI
Publicidade

As ruas da cidade estão forradas de cartazes atados por cordéis a anunciarem todo o tipo de peças. De manhã à noite, são os mesmos que sobem ao palco que deambulam nas ruelas para convencerem os que por ali passam a irem vê-los. O ritual repete-se diariamente e é a parte visível dos bastidores deste evento que ocorre paralelamente ao IN, o Festival de Avignon fundado por Jean Vilar em 1947. O Festival OFF nasceu em 1966 e é um dos maiores festivais de teatro na Europa. Este ano, junta quase 1500 espectáculos, em 141 salas, entre 7 a 29 de Julho.

O português Renato Ribeiro vai ao OFF há mais de 30 anos, como actor, encenador e/ou produtor. Para ele, Avignon é uma vitrina e também o espaço onde se assinam contratos para a próxima temporada. Um grande mercado do teatro, feito de muito investimento e que, segundo ele, só dá frutos quando se é presença habitual e se conhece toda a rede de programadores.

“Avignon não é só um festival, também é um mercado, o maior na Europa, onde a gente consegue mostrar os nossos espectáculos para as salas a nível nacional e que são bastantes. Só cá em Avignon é que a gente consegue ter esta vitrina para mostrar os espectáculos para que os profissionais e os directores de salas possam ver, gostar e comprar”, conta Renato Ribeiro, no café do teatro Le Cabestan onde apresenta uma das suas peças. 

Este ano, Renato apresenta dois espectáculos que encenou: "Belles Amies" e "G.E.E.K.", a primeira é uma “comédia dramática” e a segunda “uma comédia para toda a família”. Apesar de ser um grande investimento, Renato diz que vale a pena. “Avignon custa muito caro. É um custo muito grande para a produção porque temos os custos de criação, os custos de arrendar uma casa, de alugar o teatro, as deslocações e as comidas. É, no mínimo, 30.000 ou 35.000 euros. As entradas não chegam para a gente ter esse dinheiro. O que é bom para nós é esta vitrina e quantos mais teatros comprarem o espectáculo”, acrescenta.

Filho de um casal que emigrou para França em 1969, Renato Ribeiro chegou a Tours com quatro anos. A paixão pelo teatro nasceu poucos anos depois e, aos dez, teve uma professora na casa dos pais a tentar convencê-los a deixarem o filho entrar numa peça de teatro da sua companhia. “Foi o meu primeiro contrato de actor. Aos 10 anos. E fiquei nessa companhia até aos 18”, lembra.

Depois, foi para outra trupe na Normandia e, depois, Béziers. Seguiu-se Paris, onde foi actor, encenador e, mais tarde, director do espaço “La Comédia”. Entretanto, criou a própria produtora que “produz em média de 45 espectáculos por ano” e, actualmente, vive entre Portugal e França. Lisboa foi a partir de 2012, quando quis conhecer suas raízes e acabou por lá ficar oito anos. Deu aulas de teatro, foi colaborador de uma editora e chegou a trabalhar com Tiago Rodrigues, o actual director do Festival de Avignon, na direcção de actores em língua francesa. Renato também produziu espectáculos e agora, está a tentar abrir caminhos para o cinema a partir de Portugal. Quanto a Avignon, vai continuar a ser a “utopia do teatro popular” e o epicentro do seu trabalho.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Ver os demais episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.