Fredy: «Angola fez história no CAN, mas não queremos ficar por aqui»
A selecção angolana defronta este sábado, 27 de Janeiro, a Namíbia no primeiro encontro a contar para os oitavos-de-final do Campeonato Africano de futebol que decorre na Costa do Marfim.
Publicado a:
Ouvir - 01:48
Do nosso enviado especial a Bouaké,
Bouaké, cidade no norte do país, acolhe este sábado o início dos oitavos do CAN com a primeira selecção lusófona em acção, Angola.
Os Palancas Negras terminaram no primeiro lugar no Grupo D com sete pontos, contabilizando dois triunfos: 2-0 frente ao Burkina Faso e 3-2 perante a Mauritânia, e um empate a uma bola com a Argélia.
Agora o adversário chama-se Namíbia, nação que ficou no terceiro lugar no Grupo E com quatro pontos, tendo vencido a Tunísia por 1-0, empatado com o Mali sem golos e sido derrotado pela África do Sul por 4-0.
Num CAN, as duas nações já se defrontam em 1998 com um empate a três bolas na fase de grupos. Antes desse jogo, as duas equipas enfrentaram-se na fase de apuramento para o CAN de 1996. Nessa altura, os Palancas Negras venceram por 2-0 em casa e empataram a duas bolas em território namibiano.
Duas selecções vizinhas, um dérbi geográfico nesta altura da competição.
A RFI falou com Fredy, médio de 33 anos dos turcos do Eyupspor, que já representou o Belenenses em Portugal, o Recreativo do Libolo em Angola, o Excelsior nos Países Baixos, e o Antalyaspor na Turquia.
Fredy, capitão dos Palancas Negras, fez um balanço da fase de grupos e admitiu que a equipa quer ir o mais longe possível.
RFI: O que representa este apuramento para os oitavos?
Fredy: Fizemos história. Nunca uma selecção angolana tinha vencido dois jogos numa competição. Sabemos que não foi fácil. Muita gente pensa que foi fácil, mas não foi, vimos que a Argélia foi eliminada no nosso grupo, isso mostra a qualidade que há no Campeonato Africano. Para nós é muito importante conseguirmos passar em primeiro no grupo e mostrar o nosso valor.
RFI: Mentalmente, tem sido complicado? Houve saídas por exemplo...
Fredy: Nós somos uma família. Infelizmente há quem decida que não quer continuar pelas suas razões. Não me cabe a mim julgar ninguém, mas cabe-me a mim, como capitão, e juntamente com o grupo de capitães, juntar todos aqueles que cá estão. Temos feito isso, temo-nos juntado. Temos essa conexão de família e de amor à pátria.
RFI: Decepção em 2019 com a eliminação no CAN no Egipto, e agora?
Fredy: Agora é o oposto. É um orgulho enorme para nós conseguir fazer isso. Angola nunca tinha vencido dois jogos. Se a gente for ver no papel, toda a gente esperava que nem sequer passássemos à fase de grupos. Mas passámos em primeiro, isso é um elogio, é um orgulho enorme. Agora é continuar a trabalhar.
RFI: Já estavam apurados antes do jogo frente ao Burkina, isso mudou alguma coisa?
Fredy: Claro que nos deu mais alegria porque conseguimos o primeiro objectivo, mas depois tínhamos o objectivo de vencer dois encontros, algo que nunca tinha sido feito. Festejámos no hotel quando soubemos que estávamos apurados, mas queríamos vencer o terceiro e último jogo para conseguir algo que nunca tinha sido feito. Conseguimos felizmente.
RFI: É importante jogar em Bouaké?
Fredy: Vamos jogar em Bouaké, a nossa cidade, como brincamos entre nós. Sentimo-nos bem em Bouaké, o amor das pessoas lá, o carinho que nos dão. Temos respeito por eles e eles por nós. Esperamos pelo apoio deles e vamos lutar para conseguir seguir em frente.
RFI: Os adeptos sonham, os jogadores sonham... Até onde?
Fredy: O sonho irá continuar até a gente acordar (risos).
Fredy, médio angolano 26-01-2024
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro