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Brasil/ negócios

Abilio Diniz deixa Pão de Açúcar e encerra conflitos com grupo francês Casino

O empresário Abilio Diniz chegou hoje a um acordo com o grupo francês Casino e deixará a presidência do Conselho de Administração do Grupo Pão de Açúcar, fundado pelo seu pai na década de 40. O acerto põe fim a dois anos de disputas judiciais entre o brasileiro e o presidente do Casino, Jean-Charles Naouri, que está em São Paulo e participou da negociação. Em uma carta de despedida, Diniz afirma que "os últimos dois anos não foram fáceis e, hoje, com alegria, encontramos uma solução suficientemente boa para todos".

O empresário brasileiro Abílio Diniz.
O empresário brasileiro Abílio Diniz. Reprodução do jornal Le Figaro
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Pelo acerto, Diniz receberá 1 ação preferencial (sem direito a voto) por cada ordinária (com voto) que ele tem na Wilkes, holding de controle do Pão de Açúcar – uma condição melhor para o empresário do que a proporção de 0,91 estabelecida no acordo de acionistas. As duas partes também encerrarão todos os litígios que têm entre si, com Diniz abrindo mão do cargo vitalício que ocupava. Ele permanecerá ligado ao GPA como acionista minoritário.

“Em 7 de setembro de 1948 meu pai, Valentim dos Santos Diniz, fundou o Pão de Açúcar. Desde então dediquei a minha vida à construção deste sonho. Hoje, exatos 65 anos depois, encerro um importante ciclo dessa história de sucesso para a empresa, para a nossa família e para mim”, diz o empresário, em uma carta divulgada em seu site.

“É com emoção que renuncio à presidência do Conselho do Grupo Pão de Açúcar. Tenho comigo sentimentos de gratidão, felicidade, realização, respeito e orgulho por essa empresa, por essa gente e por esse país”, afirma o texto. “Seguirei a minha vida empresarial fazendo aquilo que sempre fiz, com coragem, correção, alegria e determinação, descobrindo e aceitando novos desafios.”

Em nota divulgada à imprensa, o grupo francês declarou que, “em um espírito de respeito recíproco”, as duas partes “resolveram definitivamente suas diferenças” e chegaram um acordo “satisfatório mutuamente”, que vai “permitir a cada um andar para a frente e realizar novas oportunidades”. O texto ressalta que este acordo marca “um momento importante na história comercial do Brasil”, e acontece "a exatos 65 anos da fundação" do Grupo Pão de Açúcar pela família Diniz.

“Exprimo toda a minha gratidão ao senhor Abilio Diniz a sua família pelas múltiplas contribuições e desejo-lhes pleno sucesso nos seus projetos futuros”, afirmou Naouri, no comunicado. “Eu continuarei nos esforços em vistas à expansão contínua do Grupo Pão de Açúcar, para o bem dos seus clientes, de seus colaboradores, de seus acionários e toda a sociedade brasileira”, observou.

Relação tumultuada

A saída de Diniz da presidência do Conselho do Pão de Açúcar põe fim a uma conturbada relação do empresário com o Casino. Os conflitos começaram em meados de 2011, quando o brasileiro tentou unir as operações do Carrefour no Brasil ao Pão de Açúcar, mesmo após ter vendido uma parte da empresa ao Casino, em 2006. Casino e Carrefour são as maiores concorrentes do setor na França. O grupo francês acusou o empresário de tentar minar o acordo de acionistas na holding Wilkes.

No meio de 2012, Diniz transferiu o controle do Pão de Açúcar ao Casino, como previa o acordo de acionistas firmado anos antes com o grupo francês, permanecendo como presidente do conselho da varejista. As desavenças entre as duas partes se agravaram neste ano, quando o empresário foi eleito para ser o presidente da BRF, uma das maiores companhias de alimentos do Brasil e que tem o Pão de Açúcar como seu principal distribuidor de produtos no mercado interno.

O Casino via conflito de interesses no acúmulo da função de presidente por Diniz no Pão de Açúcar e na BRF, e insistia para que o empresário renunciasse ao cargo na rede de supermercados. Depois de transferir o controle do Pão de Açúcar ao Casino, o brasileiro reduziu de forma significativa sua participação no capital da antiga varejista familiar. Foram três leilões de venda de ações preferenciais da companhia em seu portfólio desde o fim de 2012, com os quais o empresário embolsou mais de 2,5 bilhões de reais e diminuiu sua fatia nos papéis dessa classe para pouco mais de 5% do total.

O futuro presidente do Pão de Açúcar precisará ser escolhido, mas um candidato natural para assumir o posto é Ronaldo Iabrudi, diretor e representante do grupo varejista francês no Brasil.

“Os últimos dois anos não foram fáceis e, hoje, com alegria, encontramos uma solução suficientemente boa para todos. Desejo ao Grupo Casino e aos acionistas do Pão de Açúcar sucesso na condução dessa empresa, que ela continue crescendo com a sua gente, a sua cultura e os seus valores, contribuindo para o desenvolvimento do nosso país e sendo sempre um lugar de gente feliz”, encerra Diniz, na sua carta de despedida.

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