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França/Brasil

No Brasil, Hollande pedirá mais investimentos do país na França

Durante sua visita de Estado ao Brasil, nos dias 12 e 13 de dezembro, o presidente François Hollande e a presidente Dilma Rousseff vão reforçar a parceria estratégia entre os dois países com a assinatura de vários acordos de cooperação. Além de pedir mais investimentos brasileiros na França, Hollande aproveitará a visita para cobrar das autoridades brasileiras avanços nas obras para a conclusão da ponte sobre o rio Oiapoque e a assinatura de tratados envolvendo a região de fronteira com a Guiana Francesa.

O presidente francês, François Hollande vai iniciar na quinta-feira(12) uma visita de Estado ao Brasil.
O presidente francês, François Hollande vai iniciar na quinta-feira(12) uma visita de Estado ao Brasil. REUTERS/Benoit Tessier
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A estadia de François Hollande acontece exatamente um ano depois da visita de Estado realizada pela presidente Dilma Rousseff à França. Na ocasião, a presidente do Brasil foi homenageada com um jantar de gala no Palácio do Eliseu.

Em nova demonstração da importância que a França reserva às relações bilaterais com o Brasil, o presidente socialista desembarca em Brasília nesta quinta-feira com uma delegação composta por oito ministros (Relações Exteriores, Justiça, Comércio Exterior, Ensino Superior e Pesquisa, Territórios Ultramarinos, Esportes e Juventude, além dos ministros adjuntos da Economia Solidária e do Consumo, e da Agricultura, Floresta e do Setor Agroalimentar).

Acompanha a comitiva presidencial um grupo de 50 empresários de diversos setores, entre eles, os presidentes das gigantes dos setores nuclear (Areva), energia (GDF SUEZ), transportes (Alstom e SNCF), de tecnologia espacial ( Thales e Arianespace) e defesa (Dassault).

Investimentos brasileiros na França

A França quer aproveitar para ampliar negócios com o Brasil em setores considerados promissores, como o da indústria agroalimentar, transportes, saúde e turismo. Uma das maiores preocupações dos franceses é atrair investimentos brasileiros à França. As trocas comerciais entre os dois países em 2012 chegaram a 9 bilhões de euros, quase o dobro em relação à 2003.

O excedente comercial francês é estimado em 405 milhões de euros. A França, 5° maior investidor no Brasil (3,2 bilhões de euros, segundo dados de 2010), tem mais de 500 empresas instaladas em solo brasileiro, o que gera em torno de 500 mil empregos. No sentido inverso, apenas 12 empresas brasileiras estão instaladas na França empregando 1.300 pessoas.

Apresentar o país como um destino privilegiado de investimentos e aumentar a presença de empresas brasileiras na França será um dos objetivos de Hollande em seus encontros os empresários em Brasília e São Paulo.

A presença de Eric Trappier, presidente da Dassault, fabricante do Rafale, indica que o governo francês também deverá reforçar sua campanha na defesa do avião de caça francês que disputa a licitação internacional para equipar a Força Aérea Brasileira. Paris aposta na transferência total de tecnologia, uma das exigências do Brasil, para superar os concorrentes americano Boeing e sueco Grippen.

Crise internacional e clima

Na manhã de quinta-feira, depois de inaugurar um liceu francês em Brasília, o presidente Hollande deverá participar ao lado da presidente Dilma da abertura do 1° Forum Econômico França-Brasil. Na sequência, os dois chefes de Estado terão uma reunião de trabalho seguida de um almoço no Palácio do Planalto

Na agenda das discussões estarão as crises internacionais e as negociações climáticas com vistas à grande Conferência do Clima que Paris vai sediar em 2015. A França também deve demonstrar apoio à iniciativa do governo brasileiro de um maior controle das informações e dados que transitam por meios de comunicação digital.

François Hollande e Dilma Rousseff devem firmar novos acordos para o desenvolvimento de parceiras tecnológicas entre grupos franceses e brasileiros. Na ocasião deverá ser assinado o contrato de cerca de 900 milhões de reais com o grupo franco-italiano Thales Alenia Space (TAS), vencedor da licitação para construir um satélite espacial brasileiro para fins civis e militares. A francesa Arianespace foi escolhida para o lançamento.

A presença francesa no Brasil foi reforçada este ano com a escolha da gigante do setor nuclear Areva, que firmou em novembro um contrato de 3,75 bilhões de euros com a Eletrobrás para a extensão do reator 3 de Angra, e também com a Total, multinacional do setor petrolífero que integra o consórcio vencedor para exploração do campo de Libra.

Cooperação acadêmica

O desenvolvimento da cooperação acadêmica deve ganhar novo impulso com a ampliação das oportunidades de formação de estudantes brasileiros na França. Atualmente, através do programa Ciências sem Fronteiras, lançado pela presidente Dilma, a França se comprometeu a acolher 10 mil estudantes universitários até 2015, sendo que 6 mil já foram contemplados, principalmente com bolsas de doutorado.

O governo francês está disposto a ampliar a mobilidade dos estudantes e também a facilitar a vinda dos alunos de mestrado e pós-graduação. Além de mais investimentos no ensino do francês para os contemplados, o governo também quer envolver nessa parceira as empresas francesas instaladas no Brasil para acolher estagiários brasileiros que tenham passado por universidades na França.

Visita à Fiesp

Depois de Brasília, onde também tem encontro marcado com o ex-presidente Lula, o líder socialista seguirá para São Paulo, segunda etapa de sua visita oficial ao Brasil. Ele entregará ao ex-jogador de futebol Raí a medalha da Légion d’Honneur (Legião de Honra) pelo trabalho da Associação Gol de Letra de atendimento a crianças carentes através do esporte. Raí, que encerrou sua carreira em 2000, atuou durante cinco anos no clube Paris Saint-Germain e mantém um escritório da Associação Gol de Letra em Paris.

A viagem de Estado do presidente francês termina na sexta-feira pela manhã na capital paulsita com a assinatura de acordos com o governador Geraldo Alckmin e encontro com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

Relações Transfronteiriças

Durante sua presença no Brasil, Hollande também deve abordar com as autoridades brasileiras questões relacionadas com a extensa fronteira de 700 quilômetros entre o estado do Amapá e a Guiana Francesa.

A inauguração da ponte sobre o rio Oiapoque, um símbolo de cooperação política e econômica dos dois países, que muitos esperavam acontecer no final deste ano, foi mais uma vez frustrada devido à falta de conclusão de obras de infraestrutura e da ratificação de acordos sobre as relações envolvendo a imigração.

Paris afirma que projetos dependem ainda do sinal verde do Congresso brasileiro. Um acordo de cooperação descentralizada foi oficializado com a assinatura de um protocolo em Caiena, em 2008, e contempla temas relacionados a educação, saúde, desenvolvimento sustentável e riscos ligados à imigração clandestina e à extração ilegal de pesca e garimpo.

Em sua vista à Guiana Francesa, entre sexta-feira e sábado, Hollande deve se reunir com autoridades locais que deverão cobrar ações do governo francês para combater atividades ilegais.

Pescadores, garimpeiros e empresários da Guiana já fizeram vários protestos contra a presença de brasileiros em situação irregular, que estariam se apropriando dos recursos naturais locais e vendendo os produtos como ouro e pesca no Brasil.

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