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China/Censura/BBC

China e Hong Kong proíbem transmmissão da BBC World News

A China proíbiu ontem a transmissão das emissões da BBC World News e hoje foi a vez de Hong Kong, acusando a empresa estatal britânica de "violar as directrizes oficiais e dar notícias falsas", numa reportagem sobre a minoria muçulmana uigur, uma semana depois de Londres ter retirado a licença do canal público de informações chinês CGTN. Londres denunciou um "atentado inaceitável à liberdade de imprensa".

A placard with the BBC logo is seen outside their bureau in Beijing, China February 12, 2021. REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
A placard with the BBC logo is seen outside their bureau in Beijing, China February 12, 2021. REUTERS/Carlos Garcia Rawlins REUTERS - CARLOS GARCIA RAWLINS
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O órgão regulador chinês de meios de comunicação social proíbiu nesta quinta-feira, 11 de fevereiro, a transmissão da BBC World News, acusada de violar directrizes oficiais e de veicular notícias falsas, numa reportagem sobre a minoria muçulmana uigur, uma semana depois de Londres ter retirado a licença do canal público de infrmações chinês CGTN, por infracção à legislação britânica sobre propriedade estatal.

A Administração Nacional de Rádio e Televisão chinesa "não permite que a BBC continue a transmitir na China e não aceita a renovação de sua licença anual", informou em comunicado o regulador do regime comunista.

Na avaliação da entidade, o serviço noticioso da emissora britânica não cumpriu "a exigência de que o jornalismo seja verdadeiro e justo" e "não prejudique os interesses da China".

Essa "grave violação" das directrizes oficiais teria ocorrido durante um programa emitido a 3 de fevereiro com testemunhos chocantes de tortura e violência sexual contra uigures cometidos por polícias e guardas em campos de detenção em Xinjiang.

 A BBC expressou sua decepção contra a medida aplicada na China continental, onde o canal já é censurado e limitado a hotéis internacionais.

"A BBC é a emissora mundial mais confiável e informa em todo o mundo de forma justa, imparcial e sem medo nem favoritismos", indicou uma porta-voz da empresa pública britânica.

O ministro britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab, qualificou a proibição de "atentado inaceitável contra a liberdade de imprensa. A China é um dos países com as maiores restrições do mundo no que diz respeito à liberdade dos midia e da Internet " e sublinhou que esta medida "só prejudicará a reputação da China aos olhos do mundo".

Os Estados Unidos também condenaram esta decisão, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, apelando a China e a "outras nações com um controle autoritário sobre a população a permitirem o pleno acesso à internet e à liberdade da mídia".

Esta medida ocorre num momento de tensão entre estes dois países, desde que Londres condenou a aplicação da polémica lei de segurança chinesa em Hong Kong e a repressão do movimento pró-democracia, o que levou a Grã-Bretanha a dar direitos suplementares e passaportes aos cidadãos da sua antiga colónia e Londres proibiu a chinesa Huawei de participar de sua rede 5G.

O Reino Unido condenou também a "barbárie" do regime de Pequim contra os uigures e no início de janeiro anunciou medidas, para impedir que as mercadorias ligadas ao alegado trabalho forçado nos campos de detenção de Xinjiang, chegassem aos consumidores britânicos.

De salientar ainda que a 8 de fevereiro, a China proíbiu o aplicativo americano de discussão em salas virtuais ClubHouse, que durante uma semana permitiu uma lufada de liberdade e discutir em mandarim temas habitualmente censurados ou proibidos na China, como os uigures, as manifestações em Taiwan e Hong Kong e outros, num país que vedou o acesso às redes sociais Twiter e Facebook.

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China e Hong Kong proíbem transmissões da BBC World News

BBC Censurada

A BBC que já tinha exibido um documentário criticado pelo regime chinês, no qual acusa a China de esconder as origens da Covid-19, difundiu a 3 de fevereiro um documentário sobre a situação dos uigures nos campos de detenção chineses em Xinjiang.

Com base em vários testemunhos, a BBC informou sobre as denúncias de estupros sistemáticos, abusos sexuais e torturas praticados contra mulheres detidas por polícias e guardas na região ocidental de Xinjiang, na China.

Esta região que é essencialmente habitada por membros da etnia muçulmana uigur, registrou nos últimos anos uma forte repressão por parte das forças chinesas em resposta a distúrbios separatistas.

A reportagem descreve torturas com choques, incluindo o estupro anal por guardas usando cassetetes elétricos e testemunhos de mulheres teriam sido submetidas a estupros colectivos e esterilização forçada.

ONGs de defesa dos direitos humanos estimam que pelo menos um milhão de uigures e outros muçulmanos de língua turca estejam detidos em campos em Xinjiang.

 

 

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