Procuradoria belga confirma morte do suspeito do ataque em Bruxelas
O homem suspeito de matar dois cidadãos suecos num atentado em Bruxelas, esta segunda-feira à noite, morreu esta terça-feira na sequência da operação policial para o deter. A informação foi confirmada pelo Ministério Público belga, depois de ter sido avançada pela imprensa local.
Publicado a:
Ouvir - 01:41
O suspeito, atingido por balas da polícia durante a operação de detenção esta terça-feira, morreu no hospital, onde estava nos cuidados intensivos, de acordo com a radiotelevisão RTBF e o jornal Het Laatste Nieuws. A morte do suspeito foi confirmada pela Procuradoria belga à agência France Presse.
A detenção teve lugar na comuna de Schaerbeek, em Bruxelas. A ministra do Interior, Annelies Verlinden, confirmou que a polícia belga "neutralizou" uma pessoa, que foi baleada no peito. Annelies Verlinden declarou ao canal de televisão VRT que foi encontrada uma arma automática junto da pessoa “neutralizada” e que essa arma corresponde à que foi usada no ataque de ontem à noite. O suspeito foi identificado como alguém radicalizado, de 45 anos, tunisino e cujo pedido de asilo na Bélgica foi rejeitado.
Na manhã desta terça-feira, em conferência de imprensa, o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, disse que "este ataque terrorista abala os alicerces das nossas sociedades pacíficas" e enviou, em nome da Bélgica, as "mais sinceras condolências ao povo da Suécia".
Esta segunda-feira à noite, duas pessoas suecas morreram baleadas e uma outra ficou ferida, no dia em que as selecções nacionais de futebol da Bélgica e a da Suécia se encontravam em Bruxelas. O primeiro-ministro disse, ainda, que o suspeito visou voluntariamente os adeptos suecos. Também o procurador federal, Frédéric Van Leeuw, indicou que o suspeito seguiu os cidadãos suecos que entraram num táxi, antes do jogo, e “abriu fogo sobre essas pessoas quando saíram do táxi, perseguindo-as até dentro de um edifício”. O autoproclamado Estado Islâmico ameaçou, este ano, a Suécia depois de exemplares do Corão terem sido queimados durante manifestações em Estocolmo.
Pouco depois, nas redes sociais, era publicado um vídeo em que o atacante se diz chamar Abdesalem Al Guilan e diz ter perpetrado o ataque em nome do autoproclamado Estado Islâmico.
O nível de alerta terrorista foi elevado ao máximo na capital belga.
A RFI falou com Jeanne Dubé, belga residente em Bruxelas, que não se apercebeu do que estava a acontecer até receber mensagens de familiares a quererem saber em que estado se econtrava.
À RFI, ela relatou como viveu estes acontecimentos e também lembrou que este episódio pode reacender o ódio entre belgas e até mesmo o racismo, visto que o atirador era tunisino e estava em situação ilegal na Bélgica.
«Estava em casa e não dei por quase nada, até ter várias mensagens de próximos a perguntarem se eu estava bem. Percebi que estava a passar-se alguma coisa. Fui rapidamente ver as notícias. Apercebi-me então que houve um tiroteio, mesmo ao lado da minha casa, a 100 metros. Eu estava em casa, um bocado um sentimento de perigo, de insegurança. Foram mortos dois suecos e pronto havia a questão do estádio de futebol. Não se percebe bem o que se passa. Eu estou numa rua super central em Bruxelas, entre o centro da cidade e o bairro de Molenbeek. Um bairro mais muçulmano e já houve muitas vezes o ‘cliché’ de islamitas e pronto mais uma vez é aqui, mais uma vez um atentado. Vi que estavam a controlar o estádio, não se podia sair do estádio. Estávamos em alerta 4 de segurança. Já não se podia sair de casa. Vi pela janela que todos os comércios estavam a fechar. Houve um sentimento de insegurança, de paranoia. Voltamos aquele tempo dos atentados em Paris e também no Aaeroporto em Bruxelas. Hoje de manhã, vi que já tinham encontrado o autor do tiroteio. Agora vai dividir mais os valores das pessoas, as religiões, e ir até ao racismo», concluiu a residente em Bruxelas.
Jeanne Dubé, residente em Bruxelas 17-10-2023
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro